Perdida - Capítulo 21: Ferida Irreparável

O aroma de café fresco invadia suavemente o quarto de Hana, enquanto ela lentamente despertava. O dia mal começara, mas Seo-jun já estava ativo, cuidando dos detalhes enquanto a equipe se reunia novamente em sua casa. Ele entrou no quarto com uma bandeja cuidadosamente preparada: café, torradas, frutas e um sorriso acolhedor.

— Bom dia... — Sua voz era calorosa, mas com uma firmeza protetora. — Trouxe café pra você.

Hana se espreguiçou, sentando-se na cama enquanto ele colocava a bandeja em seu colo. Ela sorriu levemente, percebendo o cuidado nos pequenos detalhes, mas também notando um certo ar de seriedade no rosto dele.

— O que foi, Seo-jun? — Perguntou, segurando a xícara de café.

— A equipe já está aqui novamente. — Ele fez uma pausa, avaliando como ela reagiria. — Não queria que fosse pega de surpresa como ontem. — Deu um leve sorriso, recordando da cena de ontem. — Desta vez, vamos revisar algumas imagens do edifício. É uma parte importante do que estamos investigando.

Hana assentiu, tomando um gole do café.

— Tudo bem.

Seo-jun sorriu, passando os dedos pelo cabelo dela antes de sair do quarto.

— Estaremos na sala. — Com um leve toque, lhe deu um beijo suave.

Hana, depois de um banho rápido e vestindo algo confortável, foi até a sala. O ambiente estava mais descontraído, com conversas aqui e ali, mas o clima de seriedade voltou assim que ela entrou.

— Bom dia, Hana — Jae-ho disse, acenando com um sorriso.

— Bom dia — ela respondeu, olhando ao redor e sentindo-se mais à vontade com a presença deles.

Logo depois, Tae-hyun e Woo-jin chegaram com pastas e um pendrive.

— Trouxemos as imagens do edifício — anunciou Tae-hyun. — Foram muitas horas gravadas, mas já sabemos a data e a hora exatas da ligação. Vamos filtrar as imagens para encontrar o responsável.

Seo-jun fez sinal para todos se concentrarem, enquanto Woo-jin conectava o dispositivo ao computador. Eles trabalharam com eficiência, avançando pelos frames, verificando horários e combinando os dados com as evidências já recolhidas.

O dia passou como um turbilhão, cheio de discussões e análises. Hana havia tomado café com Seo-jun pela manhã e passou boa parte do dia ao lado dele e da equipe, ajudando no que podia, mas, conforme as horas avançavam, o cansaço a venceu. Já era tarde, o sol começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e dourado.

Ela descansava na poltrona próxima à sala, com um cobertor leve cobrindo-a, respirando de forma tranquila, profundamente adormecida.

Seo-jun, por outro lado, não descansava. Ele estava concentrado nas imagens que Tae-hyun e Woo-jin haviam trazido mais cedo. O clima tenso se intensificou quando ele finalmente encontrou o momento exato na gravação: o corredor do edifício administrativo, um dia antes do acidente fatal. Na tela, um celular brilhava nas mãos de alguém, e, em segundos, a pessoa digitava algo rapidamente.

O mesmo celular. A última localização batia com o dispositivo que Hana havia recuperado no cofre de Min-ho.

Seo-jun avançou as imagens, tentando melhorar o foco, até que, com um zoom calculado e ajustes na nitidez, a revelação veio como um golpe. Sua respiração ficou presa na garganta. O rosto virou levemente em um movimento ao virar por um corredor, revelando algo que ele nunca imaginaria.

— Não pode ser... Ela... — murmurou para si mesmo, as mãos apertando os braços da cadeira.

Era ela. A mãe de Hana.

Seo-jun passou a mão pelos cabelos, tentando processar o que acabara de ver. A mulher, que sempre parecia distante e até fria com Hana, agora estava diretamente ligada ao maior mistério que os cercava. Ele fechou o laptop com cuidado, levantou-se e olhou para Hana, ainda adormecida.

Ele sabia que precisava contar a verdade, mas não era algo que ela poderia ouvir de maneira brusca, nem com outras pessoas ao redor. Ele dispensou a equipe silenciosamente, agradecendo o trabalho feito até ali.

— Podem ir. Eu cuido disso agora.

— Tem certeza, chefe? — perguntou Tae-hyun, hesitante.

Seo-jun assentiu firmemente.

— Sim. Obrigado a todos.

Depois que todos saíram, a casa ficou em um silêncio quase absoluto, interrompido apenas pela respiração tranquila de Hana. Ele se aproximou dela e se ajoelhou ao seu lado, tocando seu braço gentilmente.

— Hana... — Sua voz era baixa, tentando despertá-la sem assustá-la.

Ela abriu os olhos lentamente, piscando para ajustar a visão.

— Seo-jun? O que foi? — Perguntou com a voz sonolenta, sentando-se na poltrona.

Ele hesitou por um momento, mas sabia que não poderia esconder nada dela. Passando a mão pelo rosto dela cuidadosamente, sabia que aquilo não seria fácil.

— Hana, precisamos conversar. Conseguimos as imagens. Ela o encarou, sua expressão se transformando de confusão para alerta.

— Onde tá todo mundo, Seo-jun? — desconfiada, ela levantou a cabeça, olhando em volta, e viu que não havia ninguém ali. Então, sem hesitar, perguntou. — O que você encontrou?

Seo-jun respirou fundo, segurando as mãos dela. Olhando fixamente nos olhos dela.

— Era sua mãe, Hana... Ela estava com o celular, um dia antes do acidente do seu pai, ela estava lá com outro homem, ainda não sabemos quem é, talvez você possa dizer.

O mundo de Hana parou. Ela sentiu como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés, e seu coração começou a bater descontroladamente.

— Não... — Sua voz era quase inaudível.

Seo-jun apertou suas mãos com mais força, tentando ancorá-la enquanto ela processava o choque.

— Vamos descobrir tudo, Hana. Eu prometo! Estou com você...

Mas Hana, com os olhos arregalados, parecia distante, como se revivesse todos os momentos em que a relação com sua mãe fora marcada por frieza e desprezo. Agora, aquela mulher era a peça central de um mistério que poderia abalar tudo o que ela acreditava saber. Ela se sentou na poltrona ao lado da janela, olhando para fora, mas vendo apenas flashes do passado.

Lembrou-se de momentos de sua infância: os abraços calorosos da mãe, as palavras de conforto nos momentos de dificuldade. Cada lembrança era como uma faca de dois gumes, cortando-a com amor e traição ao mesmo tempo.

"Como ela pôde fazer isso?" A pergunta ecoava em sua mente, um refrão incessante.

Hana ficou em silêncio, como se cada palavra de Seo-jun fosse um eco que não conseguia alcançar totalmente sua mente. A ideia de sua mãe estar ligada à morte de seu pai era um pensamento avassalador.

— Você tem certeza? — murmurou, quase como se estivesse implorando para que ele dissesse que havia um engano.

Seo-jun a olhou nos olhos, sério, mas com uma ternura que buscava consolá-la.

— Não há dúvidas, Hana. As imagens são claras. — Pegando o laptop, abriu o arquivo e mostrou a ela. — Veja, ela estava no prédio, com o celular, exatamente no horário que rastreamos. Esse homem que está com ela, ainda não sabemos quem é, mas já estamos atrás dele. Talvez você o conheça?

Ela respirou fundo, tentando controlar as lágrimas que começavam a brotar. Era difícil acreditar que a pessoa que deveria protegê-la, apoiá-la, pudesse estar envolvida em algo tão cruel.

— Por que ela faria isso? — Hana finalmente perguntou, sua voz falhando.

— Esse homem... — olhando firmemente na tela, uma raiva sem controle a pegando pelo corpo todo. — Ele era o assistente do meu pai. — Hana ficou tentando entender tudo aquilo, aquelas imagens, aqueles dois no mesmo lugar na mesma hora. Por que a mãe dela faria algo assim? Perguntas que precisavam de resposta. Seo-jun segurou o rosto dela com as mãos, obrigando-a a focar nele.

— Tem certeza que esse era o assistente de seu pai, Hana?

— Tenho! Cha-woo era o braço direito do meu pai, ele estava a todo momento com ele. — Seo-jun olhou para Hana, vendo-a desmoronando diante dele.

— Hana, eu preciso que você seja forte. — Sua voz era firme, mas cheia de carinho. — Não podemos tirar conclusões precipitadas. Ainda não sabemos toda a história.

Hana assentiu lentamente, mas sua mente estava em uma tempestade. Ela se afastou dele, sentindo o peso do momento.

— Eu preciso... pensar — disse ela, andando até a janela e olhando para fora.

Seo-jun a observou, sem pressioná-la, mas também sem deixá-la sozinha em seu turbilhão. Ele sabia que aquele momento era delicado, e qualquer passo em falso poderia afastá-la.

— Hana... Confie em mim. Eu vou até o fim para descobrir a verdade.

Hana passou longos minutos em silêncio, encarando o vazio além da janela. A cidade parecia tão viva lá fora, mas dentro dela reinava um caos absoluto. Os sons da rua chegavam abafados, como se fossem de outro mundo. Ela sentiu a presença de Seo-jun atrás dela, próximo, mas sem invadir seu espaço. Ele era como uma âncora, mesmo que tudo dentro dela estivesse despedaçado.

Finalmente, ela se virou, o rosto marcado por uma expressão de desespero e determinação.

— Eu preciso saber por quê — disse ela, a voz baixa, mas carregada de uma firmeza que surpreendeu até a si mesma. — Não posso continuar sem entender o que levou minha mãe a isso. O que ela estava tentando proteger ou... destruir.

Seo-jun assentiu lentamente.

— Concordo. Mas precisamos agir com cuidado. Essa é uma verdade que pode mudar tudo. 

— Ele deu um passo em direção a ela, estendendo a mão. — Hana, confie em mim para estar ao seu lado, não importa o que aconteça.

Ela segurou a mão dele, sentindo uma mistura de gratidão e vulnerabilidade.

— Eu confio, Seo-jun. Isso é algo que preciso enfrentar cara a cara.

No dia seguinte, o ambiente estava carregado com a expectativa de um confronto inevitável. Hana havia decidido visitar a mãe, levando consigo as evidências que confirmavam sua presença no prédio no dia anterior à morte de seu pai. Seo-jun insistiu em acompanhá-la, mas ela pediu para ir sozinha.

— É algo entre nós duas. Eu preciso ouvir dela, olhar nos olhos dela — explicou Hana, a voz trêmula, mas firme.

Seo-jun, relutante, concordou, porém nao cedeu.

— Estarei esperando por você no carro então. Se precisar de mim, me chame imediatamente.

Hana deixou a casa com um nó no estômago. Cada quilômetro percorrido até a casa da mãe parecia um fardo, como se o peso das lembranças e das dúvidas a esmagasse. Ao chegar, ficou parada em frente à porta por longos segundos, criando coragem para bater.

Quando finalmente o fez, a mãe abriu a porta, surpresa com a visita inesperada.

— Hana? O que aconteceu? — a mulher perguntou, uma sombra de preocupação cruzando seu rosto.

Hana respirou fundo, segurando o impulso de recuar. Sua voz saiu mais firme do que esperava.

— Podemos conversar? É sobre o papai.

A expressão da mãe mudou instantaneamente, fechando-se em uma máscara de cautela. Ela abriu espaço para Hana entrar, mas não disse uma palavra. No interior da casa, o clima era pesado, como se os próprios móveis guardassem segredos.

Hana se sentou no sofá, enquanto a mãe permaneceu de pé, os braços cruzados.

— Sobre o que exatamente você quer falar? — perguntou a mulher, a voz controlada.

Hana tirou o laptop da bolsa e o abriu, mostrando as imagens capturadas no edifício.

— Sobre isso, mãe. O que você fazia no prédio no dia anterior à morte do papai? E por que estava com Cha-woo? — A voz dela tremeu no final, as emoções ameaçando transbordar.
A mãe de Hana permaneceu em silêncio por alguns segundos, as mãos trêmulas. Finalmente, ela suspirou profundamente, sentando-se à frente da filha.

— Eu sabia que isso viria à tona, mais cedo ou mais tarde. Mas não foi como você pensa, Hana.

Hana inclinou-se para frente, encarando a mãe com intensidade.

— Então diga como foi. Porque, para mim, parece que você e Cha-woo sabiam de algo. Ele também estava lá, e nada disso faz sentido!

A mãe abaixou os olhos, como se estivesse revivendo aquele dia.

— Seu pai, Hana. Ele estava decidido a ir até a polícia. Ele não aguentava mais as pressões. Disse que revelaria tudo, mesmo que isso significasse arriscar nossas vidas. Eu fui até o prédio para tentar falar com Cha-woo, para convencê-lo a impedir seu pai. Achei que ele poderia persuadi-lo... que pudesse evitar o pior.

Hana apertou os punhos, absorvendo as palavras.

— O que aconteceu lá, mãe? O que você viu?

— Quando cheguei, Cha-woo estava no escritório. Ele parecia nervoso. Contei a ele que seu pai queria entregar tudo. Disse que ele planejava ir até Min-ho primeiro, tirar você de perto dele antes de expor o que sabia. Mas Cha-woo... — A voz da mãe vacilou, e ela parecia relutante em continuar. — Ele pegou o celular. Eu não entendi o que ele... queria fazer. Ele estava desesperado, Hana.

— Ele pegou o celular? — Hana perguntou, alarmada.

— Ele enviou uma mensagem para alguém... Eu vi. Algo como 'Ele está á caminho... Prepare-se.' — A mãe parecia devastada. — Depois disso, ele saiu apressado. E eu fiquei ali, paralisada, sem saber o que fazer. Não sabia até onde ele estava envolvido, mas percebi que ele não era apenas um assistente fiel.

Hana sentiu um frio percorrer sua espinha. As peças começavam a se encaixar de forma terrível.

— Então, você acha que Cha-woo estava ajudando alguém o tempo todo? — A voz dela saiu quase como um sussurro.

— Não sei, Hana... Mas ele sabia mais do que dizia. E, se o que aconteceu depois... sempre acreditei, que foi depois daquela mensagem.

A mãe levantou-se, indo até um armário antigo. Ela voltou com um celular desgastado e o colocou na mesa.

— Este é meu celular antigo. Todas as mensagens que enviei ao seu pai naquele dia estão aqui. Eu estava tentando convencê-lo a desistir. Por favor, leia. Eu não sabia que tudo terminaria assim. Mas, não podia fazer mais nada.

Hana pegou o aparelho com cuidado, sentindo um misto de raiva, alívio e confusão. Ao verificar as mensagens, confirmou que a mãe realmente tentara ajudar seu pai, mas que sua tentativa acabou esbarrando na traição de Cha-woo.
Hana pegou o aparelho com cuidado, sentindo um misto de raiva, alívio e confusão. Ao verificar as mensagens, confirmou que a mãe realmente tentara ajudar seu pai, mas que sua tentativa acabou esbarrando na traição de Cha-woo.

Hana se levantou, segurando o celular.

— Obrigada por ser honesta, mãe. Mas agora preciso encontrar Cha-woo. E preciso descobrir exatamente o que ele fez.

A mãe tentou segurar sua mão, os olhos suplicantes.

— Hana, tenha cuidado. Ele é perigoso... mais do que parece.

Hana respirou fundo, olhando para sua mãe com os olhos marejados, mas cheios de determinação. O peso da verdade que carregava era imenso, mas ela não podia mais esconder.

— Mãe, você acha que Cha-woo é perigoso, mas o verdadeiro monstro sempre esteve ao seu lado... Min-ho. — A voz dela saiu grave, carregada de emoção. — Eu encontrei as mensagens que ele deixou para mim. No cofre.

A mãe arregalou os olhos, assustada.

— Mensagens? Que mensagens?

Hana pegou o celular no bolso e abriu as imagens capturadas. Aproximou-o do rosto da mãe, para que ela visse as palavras que a atormentaram desde que descobriu.

— Aqui estão. "Espero que seja feito antes de chegar aqui." E depois... "Está feito." — Sua voz vacilou ao repetir aquelas frases, o coração apertado. — Ele estava falando do meu pai, mãe. Min-ho matou meu pai. Ou mandou que matassem. E você... você ajudou a trazer esse homem de volta para perto de mim, mesmo sabendo o quanto ele me machucava.

A mãe começou a chorar, negando com a cabeça.

— Eu só queria proteger você... Nós duas. Ele me ameaçou, Hana. Disse que, se você não voltasse, algo pior aconteceria. Eu não sabia que ele...

— Não sabia? — Hana a interrompeu, a voz aumentando de tom. — Você sabia do amor doentio que ele tinha por mim, mãe! Sabia das chantagens, do sequestro, de tudo! E, mesmo assim, ficou do lado dele! — Ela levantou-se abruptamente, o olhar tomado pela dor. — Você escolheu ele. Sempre escolheu.

A mãe tentou tocar sua mão, mas Hana recuou, firme.

— Hana, por favor, me perdoe. Eu... eu só queria...

— Você queria salvar a si mesma, mãe. Nunca pensou no que eu estava passando. Nem quando eu gritava por ajuda.

A mãe caiu de joelhos, chorando sem parar, mas Hana não cedeu. O peso da raiva e da dor que guardara por tanto tempo finalmente havia sido colocado para fora. Não havia mais espaço para mágoas contidas.

— Eu preciso que você vá até a polícia. Você vai contar o que sabe sobre Cha-woo, sobre Min-ho e sobre aquele dia. — A voz de Hana era cortante. — Porque, se você não fizer isso, eu mesma entrego tudo.

A mãe levantou o olhar, desesperada.

— Hana, não... Ele é perigoso. Eles são perigosos.

Hana suspirou, exausta, mas manteve o tom firme.

— E é exatamente por isso que não posso mais fingir que está tudo bem. Você escolheu Min-ho uma vez, mas eu não vou cometer o mesmo erro.

Sem esperar resposta, Hana virou-se e saiu, deixando a mãe desmoronada no chão.

Hana saiu da casa da mãe com passos vacilantes, sentindo o peso das palavras ditas e das verdades descobertas. O ar parecia denso, e seu coração estava apertado, como se o mundo ao seu redor tivesse parado. Ao alcançar a entrada, ela parou, incapaz de dar mais um passo. Foi então que suas pernas cederam, e ela caiu no chão, derrotada pelas emoções.

Seo-jun, que esperava no carro estacionado do outro lado da rua, percebeu a fragilidade no corpo dela e correu até ela.

— Hana! — Ele chamou, preocupado, abaixando-se ao lado dela. — O que aconteceu?

Hana não conseguiu responder. Apenas olhou para ele, os olhos marejados, enquanto uma lágrima solitária escorria por seu rosto.

Sem hesitar, Seo-jun a abraçou, envolvendo-a em seus braços. Ele a pegou no colo com cuidado, levando-a até o carro. Durante todo o trajeto até o veículo, ela permaneceu em silêncio, mergulhada em seus próprios pensamentos, enquanto a dor e a tristeza se misturavam em sua mente.

No caminho de volta para casa, Seo-jun desviou para uma estrada à beira de um lago tranquilo. O som da água era sereno, quase terapêutico, em contraste com o caos interno de Hana. Ele parou o carro, desligou o motor e respirou fundo antes de sair.

Seo-jun deu a volta no carro, abriu a porta do lado dela e agachou-se, tocando suavemente o rosto de Hana. O gesto a tirou de seu transe, e ela se sobressaltou levemente ao encontrar o olhar caloroso dele.

— Vem comigo — disse ele, a voz baixa e acolhedora.

Ele segurou sua mão e a ajudou a sair do carro. Conduzindo-a devagar, eles caminharam até a margem do lago. O ar fresco soprava em seus rostos, enquanto as ondas suaves quebravam na beira. Hana encostou-se no peito dele, sentindo o calor de seu abraço.

Por um momento, eles ficaram em silêncio. Ele a abraçou mais forte, como se tentasse protegê-la do peso que ela carregava. Hana fechou os olhos, deixando-se envolver pela segurança que ele transmitia.
— Acabou, Seo-jun... — murmurou ela, a voz entrecortada pela emoção. — Não há mais nada.

Seo-jun apertou os braços ao redor dela, como se quisesse tirar toda a dor que ela sentia. Ele não disse nada, mas suas ações eram claras. Ele estava ali para ela, pronto para carregar qualquer fardo que ela não pudesse suportar sozinha.

Hana ergueu o olhar para ele, seus olhos se encontrando. No silêncio daquele momento, ela encontrou algo que parecia perdido: um fragmento de paz e a promessa de que não enfrentaria mais nada sozinha.

Seo-jun limpou uma lágrima de seu rosto e, sem soltar sua mão, sussurrou:

— Eu estou aqui, Hana. Sempre estarei.

Ela inclinou a cabeça contra seu ombro, permitindo-se um momento de descanso em meio à tempestade que ainda a cercava.

Depois de um tempo, Hana e Seo-jun voltaram para casa em silêncio. O peso da conversa com sua mãe ainda estava estampado no rosto dela. Assim que entraram, Hana deixou a bolsa cair no sofá e se sentou na poltrona, segurando o celular antigo da mãe com mãos trêmulas. Seo-jun fechou a porta atrás de si e a observou por um momento, percebendo o quanto ela estava abalada.

— Hana — ele começou, aproximando-se dela e se ajoelhando para ficar na mesma altura. — O que aconteceu lá dentro?

Ela levantou os olhos para ele, cheios de dor e determinação.

— Minha mãe contou tudo. Ela sabia... sabia de muita coisa, Seo-jun. Sabia que o papai estava envolvido em coisas perigosas e que ele não aguentava mais. Ela tentou proteger a mim e à minha irmã, mas também ajudou Min-ho a me manipular. — Hana estendeu o celular para ele. — Aqui está o celular dela. Ela disse que as mensagens que enviou foram para o meu pai, não para Min-ho. Mas eu encontrei mais do que isso.

Seo-jun pegou o celular com cuidado, estudando a expressão dela antes de desbloqueá-lo. Ele examinou as mensagens e evidências que Hana havia reunido.

— Sua mãe pode não ter planejado nada, mas ela sabia o suficiente para ter evitado muita coisa — ele disse, após um longo silêncio, o rosto tenso enquanto lia as mensagens. — Isso aqui confirma que ela sabia que o assistente do seu pai estava envolvido. Ela pode não ter enviado diretamente as mensagens para Min-ho, mas Cha-woo fez isso... E ela permitiu que ele continuasse agindo.

Hana olhou para ele, lágrimas escorrendo de seus olhos.

— E quanto a mim? Ela sabia o que Min-ho estava fazendo comigo e ainda assim o ajudou... Me entregou de volta para ele. Como eu posso perdoá-la por isso?

Seo-jun largou o celular na mesa e segurou as mãos de Hana, apertando-as gentilmente.
— Você não precisa perdoar agora, Hana. Você tem o direito de sentir o que sente. Mas, neste momento, precisamos nos concentrar no que é mais importante. — Sua voz estava firme, mas havia um tom reconfortante nela. — Temos provas suficientes para dar início a isso.

Seo-jun pegou o telefone e fez uma ligação rápida. Em poucos minutos, ele confirmou a visita de um detetive que era seu conhecido e confiável.

— Ele virá até aqui amanhã de manhã. Hana, com tudo isso — ele apontou para o celular e os documentos que tinham coletado.—,nós podemos finalmente fazer justiça ao seu pai.

Hana o encarou, seus olhos revelando uma mistura de gratidão e medo.

— E se não for suficiente, Seo-jun? E se ele conseguir escapar?

Seo-jun se inclinou para mais perto, olhando diretamente em seus olhos.

— Ele não vai escapar, Hana... Não desta vez. Eu prometo. Nós vamos pega-lo.

No dia seguinte, o detetive chegou à casa deles logo cedo. Era um homem alto, de meia-idade, com um olhar atento e calculista. Ele apertou a mão de Seo-jun e cumprimentou Hana com um aceno respeitoso.

— Eu sou o detetive Kang. Seo-jun me contou parte do que está acontecendo, mas preciso que você me explique tudo, senhorita Hana. — Sua voz era grave, mas acolhedora.

Hana assentiu e começou a relatar tudo. Desde as mensagens no celular de sua mãe, até as ações de Min-ho, o envolvimento do assistente do pai e como ela havia sido manipulada e ameaçada.

— Ele usou cada fraqueza da minha família para me manter presa. — Hana concluiu, a voz trêmula, mas firme. — Aqui estão as provas que conseguimos reunir até agora. — Ela indicou o celular e os documentos.

Hana e Seo-jun estavam sentados na sala, o silêncio preenchido apenas pelo som dos documentos sendo analisados pelo detetive Kang. A morte de Min-ho havia trazido um fim para um ciclo de sofrimento, mas as perguntas que restavam ainda precisavam de respostas.

— Nós podemos finalmente desmascarar Min-ho. — Hana quebrou o silêncio, sua voz firme. — Mas precisamos da verdade completa. E Cha-woo é a peça que falta.

Kang ergueu os olhos do celular antigo que examinava.

— Concordo. Com o que já temos aqui, é suficiente para expor parte das ações de Min-ho, mas Cha-woo parece estar no centro de tudo. Ele foi quem executou os comandos, quem manteve tudo em movimento.

Seo-jun cruzou os braços, uma expressão séria em seu rosto.

— Então o que fazemos agora? — perguntou ele, a voz carregada de determinação. — Não podemos deixar esse homem escapar.

Kang respirou fundo antes de responder.

— Você não precisa perdoar agora, Hana. Você tem o direito de sentir o que sente. Mas, neste momento, precisamos nos concentrar no que é mais importante. — Sua voz estava firme, mas havia um tom reconfortante nela. — Temos provas suficientes para dar início a isso.

Seo-jun pegou o telefone e fez uma ligação rápida. Em poucos minutos, ele confirmou a visita de um detetive que era seu conhecido e confiável.

— Ele virá até aqui amanhã de manhã. Hana, com tudo isso — ele apontou para o celular e os documentos que tinham coletado.—,nós podemos finalmente fazer justiça ao seu pai.

Hana o encarou, seus olhos revelando uma mistura de gratidão e medo.

— E se não for suficiente, Seo-jun? E se ele conseguir escapar?

Seo-jun se inclinou para mais perto, olhando diretamente em seus olhos.

— Ele não vai escapar, Hana... Não desta vez. Eu prometo. Nós vamos pega-lo.

No dia seguinte, o detetive chegou à casa deles logo cedo. Era um homem alto, de meia-idade, com um olhar atento e calculista. Ele apertou a mão de Seo-jun e cumprimentou Hana com um aceno respeitoso.

— Eu sou o detetive Kang. Seo-jun me contou parte do que está acontecendo, mas preciso que você me explique tudo, senhorita Hana. — Sua voz era grave, mas acolhedora.

Hana assentiu e começou a relatar tudo. Desde as mensagens no celular de sua mãe, até as ações de Min-ho, o envolvimento do assistente do pai e como ela havia sido manipulada e ameaçada.

— Ele usou cada fraqueza da minha família para me manter presa. — Hana concluiu, a voz trêmula, mas firme. — Aqui estão as provas que conseguimos reunir até agora. — Ela indicou o celular e os documentos.

Hana e Seo-jun estavam sentados na sala, o silêncio preenchido apenas pelo som dos documentos sendo analisados pelo detetive Kang. A morte de Min-ho havia trazido um fim para um ciclo de sofrimento, mas as perguntas que restavam ainda precisavam de respostas.

Detetive Kang, após revisar todas as provas apresentadas, ajustou os óculos no rosto e suspirou profundamente. Ele encarou Hana e Seo-jun com um olhar sério, deixando o ambiente carregado de tensão.

— Vocês têm algo sólido aqui — ele começou, apontando para os arquivos e o celular sobre a mesa. — Essas mensagens ligam Cha-woo diretamente aos eventos. Mas com Min-ho morto, a estratégia dele será clara: jogar toda a culpa no falecido.

Hana franziu o cenho, cruzando os braços. — E isso significa que ele pode se safar?

Kang balançou a cabeça, pensativo. — Não exatamente. Ele pode conseguir uma pena mais leve se conseguir convencer a justiça de que era apenas um "cumpridor de ordens". Tudo vai depender das provas adicionais que conseguirmos e de como ele reagirá ao ser confrontado.
Seo-jun apoiou uma das mãos no ombro de Hana, em um gesto silencioso, mas firme. — Então o que fazemos agora?

O detetive fechou a pasta e se levantou. — Agora é o nosso trabalho. Vamos rastrear Cha-woo e, com sorte, colocá-lo onde ele merece. Mas fiquem atentos. Se ele perceber que estão cooperando, pode tentar alguma coisa.

Hana assentiu lentamente, absorvendo as palavras. — Só quero a verdade, e que ele pague pelo que fez.

Kang deu um pequeno sorriso, quase imperceptível. — É o que todos queremos. Fiquem seguros. Eu os manterei informados.

Com isso, ele se despediu e deixou a casa, levando consigo todas as provas e promessas de justiça.

Após a saída do detetive, o silêncio pairou no ar. Hana permaneceu sentada por alguns segundos, olhando para o lugar onde os documentos estavam sobre a mesa. Era como se o peso de tudo finalmente estivesse sendo retirado de seus ombros, mesmo que apenas um pouco.

Seo-jun caminhou até ela, se inclinou e, com delicadeza, tocou no rosto dela, fazendo-a erguer o olhar. Ele não disse nada; não precisava. Apenas a puxou para um abraço firme, onde ela pôde se perder por um momento.

Encostada no peito dele, Hana fechou os olhos, ouvindo a batida constante de seu coração.

— Você acha que isso vai acabar algum dia? — ela murmurou, sua voz suave, mas carregada de emoções.

Seo-jun se afastou levemente para encará-la, seus olhos encontrando os dela com uma intensidade calma. Ele sorriu de canto, um gesto que parecia dizer mais do que qualquer palavra.

Hana respirou fundo e, pela primeira vez em muito tempo, permitiu-se relaxar um pouco. Sem mais palavras, ele pegou sua mão e a levou até a varanda, onde o céu começava a tingir-se com tons de rosa e laranja.

Eles ficaram ali, lado a lado, observando o horizonte, compartilhando o silêncio e o consolo que apenas a presença um do outro poderia trazer.

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