Hana sentiu-se envolvida por uma sensação de segurança e serenidade que não experimentava há muito tempo. Cada palavra de Seo-jun era como um bálsamo para suas feridas, um lembrete de que ainda havia bondade no mundo, algo que ela quase perdera a esperança de encontrar.
Por alguns instantes, ela apenas olhou para ele em silêncio, como se tentasse absorver cada detalhe de seu rosto, cada traço de preocupação e carinho que ele exibia. Era quase impossível acreditar que ele estivera lá esse tempo todo, em silêncio, enquanto ela enfrentava seu próprio inferno ao lado de Min-ho.
Finalmente, Hana quebrou o silêncio, sua voz saindo hesitante:
— Seo-jun, você não devia se envolver nisso. Min-ho… ele é perigoso. Eu não quero que você se machuque.
Ele sorriu, um sorriso tranquilo e determinado.
— Hana, eu sei que Min-ho é um homem poderoso, e sei o que ele fez a você. Mas... — ele fez uma pausa, como se escolhesse cuidadosamente as próximas palavras, inclinando-se um pouco mais perto dela — o que sinto por você é algo que vai muito além do medo. Eu não posso simplesmente virar as costas agora. Ele não é nada comparado ao que você merece e ao que eu quero lhe oferecer.
Hana desviou o olhar, o peso daquela declaração a fazendo sentir um calor que a tomava de surpresa. Ela sabia que Seo-jun era diferente de Min-ho, mas aquela declaração revelava um lado ainda mais profundo dele — algo que talvez fosse verdadeiro e sincero em um mundo que lhe parecera sempre sombrio.
— Mas… — Hana sussurrou, com a voz levemente trêmula, ainda relutante em ceder à esperança. — Mesmo que você queira estar aqui, Seo-jun… e se eu não conseguir seguir em frente? E se ele continuar me perseguindo? Não sei se consigo passar por tudo isso de novo.
Ele se aproximou ainda mais, deixando que a vulnerabilidade dela fosse acolhida por sua presença.
— Você não está sozinha, Hana. E se Min-ho tentar alguma coisa, ele vai ter que enfrentar a mim. Eu já cuidei de colocar segurança aqui para você, eles vão estar sempre por perto. — Ele sorriu, dessa vez com um toque de humor para aliviar o peso da conversa. — Claro, a enfermeira já até acha que eu sou seu marido... então, acho que eles estarão bem atentos.
Hana sorriu, ainda com os olhos marejados. A ironia daquela situação não passou despercebida. Ela olhou para ele, notando novamente as marcas em suas mãos. Ele percebia seu olhar atento e, por um instante, ficou em silêncio, quase receoso do que ela pensaria.
— O que aconteceu com suas mãos? — perguntou, em um tom que mesclava surpresa e preocupação.
Seo-jun desviou o olhar por um breve momento, procurando as palavras certas.
Ele não queria que ela soubesse do que tinha feito para defender sua honra, tampouco desejava vê-la assustada com a violência que ele tinha sido capaz de cometer.
— Foi apenas um… ajuste de contas — ele murmurou, como se não quisesse dar importância. — Nada que você deva se preocupar.
Hana continuou a observá-lo, sua expressão cética. Ela sabia que havia algo mais profundo por trás da resposta evasiva dele. Era como se ele estivesse tentando proteger algo, talvez até proteger a si mesmo de mostrar sua verdadeira natureza a ela.
— Seo-jun… — ela começou, sua voz mais suave. — Não precisa fingir que tudo está bem. Eu vejo… vejo o quanto está se envolvendo nessa situação. E… me pergunto por quê.
Ele voltou a encará-la, e, naquele instante, deixou transparecer um pouco da vulnerabilidade que vinha escondendo. Seus olhos, sempre firmes e calculistas, agora revelavam uma leve hesitação, como se estivesse na fronteira entre o que queria dizer e o que era seguro para ela ouvir.
— Talvez porque... eu não pudesse suportar ver você passando por isso sozinha — respondeu, com um tom quase inaudível.
Hana prendeu a respiração. Ela sentiu algo se agitar dentro de si, uma emoção familiar, mas distante, como uma lembrança adormecida. Por um momento, as palavras dela escaparam, e ela apenas o observou, tentando decifrar o que aquele homem estava realmente escondendo.
Seo-jun parecia perceber que a barreira entre eles estava cada vez mais tênue. Ele estendeu a mão, hesitante, e tocou de leve os dedos dela, sentindo o calor que emanava de sua pele. Ao tocar sua mão, ele percebeu que também estava permitindo que ela tocasse seu coração ferido e guardado a sete chaves.
— Você não precisa carregar tudo sozinha, Hana — disse ele. — Sei que é difícil confiar… depois de tudo o que aconteceu. Mas estou aqui para te apoiar, do jeito que você precisar.
Ela abaixou o olhar, suas próprias emoções turvando sua visão. Uma onda de memórias da faculdade a atingiu, lembranças das vezes em que o via de longe, sempre cercado de mistério, sempre distante, mas de alguma forma, sempre presente em sua vida de forma silenciosa.
— Eu só não entendo por que você… faria isso por mim — murmurou, sua voz embargada.
Seo-jun segurou a mão dela com um pouco mais de firmeza, seus olhos brilhando com uma intensidade que ele mal conseguia conter.
— Porque… Hana, talvez você não tenha percebido, mas eu estive com você em mais momentos do que imagina. Eu sempre observei de longe, sempre admirei a sua força, o seu silêncio… Eu só nunca encontrei um jeito de me aproximar. Até agora.
Ela piscou, surpresa, e sentiu as batidas de seu coração acelerarem ao ouvir aquilo. As palavras dele ecoaram em sua mente como uma verdade oculta, algo que ela nunca percebeu, mas que sempre esteve ali.
— Eu… — Hana começou, sentindo as palavras faltarem.
Seo-jun trouxe a mão dela até seus lábios e depositou um beijo suave, um gesto que ela não esperava, mas que fez seu coração estremecer. Naquele momento, ela percebeu que ele não era apenas um protetor, mas alguém que, em silêncio, sempre guardou um sentimento profundo por ela. E que, mesmo diante de todas as barreiras e perigos, ele estava disposto a se arriscar para ajudá-la a reconstruir a vida.
O impacto daquelas palavras foi como uma onda que a atingiu profundamente. Pela primeira vez em muito tempo, Hana permitiu-se fechar os olhos e se sentir segura. Talvez ela ainda estivesse quebrada, talvez o futuro ainda fosse incerto, mas naquele instante, ao lado de Seo-jun, ela encontrou um refúgio que jamais esperava conhecer.
Eles ficaram assim por um tempo, em um silêncio compartilhado, mas cheio de uma emoção palpável. Era como se, sem palavras, ambos estivessem chegando a um acordo, uma promessa não dita de enfrentar o futuro juntos.
O que nunca se acabou
Sentada sozinha no quarto de hospital, Hana ainda sentia o calor do toque de Seo-jun em sua mão, como se o conforto que ele oferecera permanecesse em sua pele. As palavras dele, ditas com uma sinceridade que ela nunca esperou ouvir, ecoavam em sua mente. Ela lembrou do tempo da faculdade, das vezes em que se sentiu sozinha, incompreendida, e da forma como o coração dela silenciosamente se inclinava para Seo-jun, mesmo que ela nunca tivesse dado voz a isso.
"Eu sempre observei de longe, sempre admirei a sua força, o seu silêncio..."
Ela nunca havia imaginado que ele a olhava daquela forma, que guardava em si um sentimento tão profundo e escondido. Ao recordar o jeito como ele beijara sua mão, o gesto gentil e inesperado, sentiu seu coração pulsar mais forte. Mesmo em meio ao caos que vivia, havia algo nele que despertava memórias de esperança e calor, como se ele fosse uma luz que, de alguma forma, atravessara sua vida em silêncio, aguardando o momento certo para se aproximar.
"Ele estava sempre lá... e eu nunca percebi..."
A dor que sentia pelos anos que passou com Min-ho, a raiva, o medo, pareciam menos sufocantes quando Seo-jun estava por perto. Talvez, pensou, fosse isso que ela precisasse para reconstruir sua vida, alguém que não queria controlá-la, mas sim protegê-la.
Hana estava perdida em seus pensamentos, o rosto ainda marcado pela mistura de emoções que Seo-jun despertara nela, quando a porta se abriu sem aviso e o advogado de Min-ho entrou, com uma expressão neutra e fria. Hana sentiu seu corpo tenso ao vê-lo; sabia que a presença dele significava problemas.
— Senhora Kim, trago uma mensagem do seu marido — disse ele, entregando um envelope espesso.
Ela o segurou, sentindo a pontada de uma ansiedade familiar. Ao abrir o envelope e ver o conteúdo, uma fria e sufocante onda de choque percorreu seu corpo. Era uma dívida. Uma soma absurda de dinheiro. Ao ler, Hana sentiu seu estômago revirar.
— Não pode ser… Meu pai… — murmurou, sem entender.
A quantia era alta demais, uma dívida que seu pai, de origem rica e bem-sucedida, jamais precisaria fazer — pelo menos, era o que ela sempre acreditou. Hana olhou para o advogado, buscando alguma explicação, mas ele apenas gesticulou para que continuasse lendo. No fundo do envelope, encontrou uma carta de Min-ho.
Com a mão trêmula, começou a ler:
"Hana, Vejo que você está convencida de que pode fugir de mim. Antes de tomar qualquer decisão precipitada, lembre-se de quem mais está em jogo. Essa dívida foi deixada por seu pai. Ele e eu tínhamos um acordo, algo que você nunca soube. Agora, é sua responsabilidade. Se você quiser o divórcio, terá que pagar cada centavo. Sua mãe está sob minha proteção, e seria uma pena se ela sofresse as mesmas… consequências que seu pai. Você conhece o fim dele. Então pense bem,
Min-Ho."
O coração de Hana quase parou ao ler as últimas linhas, a referência ao acidente de carro que tirara a vida de seu pai. Ela sempre acreditou que fora uma tragédia, mas agora, com aquelas palavras ameaçadoras de Min-ho, a dúvida se infiltrava, venenosa e implacável.
Seu pai fora um homem bem-sucedido, alguém que sempre lhe dissera que ela teria tudo o que precisasse na vida. Como poderia ele ter contraído uma dívida tão grande? Ela sempre se lembrara de como ele falava de Min-ho com grande admiração, até mesmo entusiasmo. Fora o próprio pai quem incentivara o relacionamento, que apoiara o casamento como se fosse uma aliança vantajosa, algo feito para garantir um futuro próspero. Mas Hana nunca soubera por quê.
Ela se lembrou das poucas vezes que viu o pai e Min-ho juntos. Havia algo estranho naqueles momentos, algo que ela não notara antes. Min-ho era sempre atencioso, educado, mas parecia se esforçar demais para agradar, e seu pai sempre o tratava com uma deferência estranha, quase como se devesse algo a ele.
"O que meu pai realmente fez? Que acordo foi esse? Por que ele deixou essa dívida… e por que Min-ho está usando isso contra mim agora?"
A mente de Hana foi tomada por lembranças fragmentadas. Um dia específico surgiu em sua memória, quando seu pai a chamou para conversar sobre Min-ho, insistindo em como ele seria um marido ideal. Ela se lembrava de como ele dissera que Min-ho era "um bom parceiro, um homem de confiança". Na época, ela achara estranho, mas aceitou as palavras do pai. Agora, aquelas palavras pareciam envenenadas.
Hana se sentia sufocada pela confusão e pelo medo. Seu pai morrera de forma tão inesperada, um acidente de carro que nunca fora totalmente explicado, mas que a polícia classificara como fatalidade. Contudo, agora, com essa ameaça implícita nas palavras de Min-ho, uma dúvida obscura começou a surgir.
"E se… e se o acidente não fosse um acidente? E se meu pai soubesse de algo… algo que o colocasse em perigo? E essa dívida… por que eu nunca soube dela antes?"
Ela fechou os olhos, tentando manter a calma, mas a realidade parecia desmoronar ao seu redor. O mundo que ela achava que conhecia agora estava cheio de sombras, segredos que, até então, ela nunca imaginou existirem.
— Sua mãe está sob minha proteção — Min-ho escrevera. Aquilo era uma ameaça clara, e Hana sentiu um arrepio ao perceber o quão perigosamente ele controlava todos ao seu redor. A ideia de que sua mãe, uma mulher que dependia totalmente dela, poderia estar nas mãos de Min-ho a enchia de pavor.
"Ele já a tem em sua posse. Min-ho já tem controle sobre minha mãe, assim como me controla há anos."
A cada palavra da carta, Hana sentia seu coração se partir. Ela tentava processar tudo, tentava entender como seu pai, um homem rico, deixara uma dívida tão grande, e como Min-ho fora o "amigo de confiança" que ele escolhera. Nada disso fazia sentido. Seu pai sempre a protegera e cuidara de tudo, ou era isso que ela acreditava.
Mas agora, ela questionava tudo. Cada lembrança com seu pai, cada conversa sobre Min-ho, parecia agora cheia de segredos e mentiras, como se a vida que vivera ao lado de Min-ho fosse construída em um alicerce de sombras e enganos.
Hana sentiu o peso de tudo desabar sobre ela, a realidade de que estava sozinha, completamente vulnerável. Quase em um sussurro, ela balbuciou para si mesma:
— O que meu pai fez? E por quê?
Ela estava à beira de um abismo de dúvidas e receios, sem saber se algum dia encontraria as respostas.
Hana ficou ali, olhando para a carta como se as palavras pudessem, de alguma forma, mudar ou desaparecer. Mas a verdade se enraizava cada vez mais em sua mente, tornando-se inescapável. Min-ho estava ameaçando sua mãe, usando uma dívida misteriosa, deixada pelo pai dela — um homem que ela sempre acreditara ser íntegro e cuidadoso, incapaz de se meter em qualquer coisa duvidosa.
Ela tentou se lembrar de mais momentos em que seu pai e Min-ho estiveram juntos, mas tudo parecia fragmentado, uma névoa de memórias desfocadas. Havia aquela reunião formal, anos atrás, onde seu pai apresentara Min-ho a ela. Fora a primeira vez que se viram, e seu pai falara de Min-ho com um respeito quase reverente, algo que na época parecia natural, mas agora assumia um tom ameaçador, quase submisso. Por quê?
"Ele sempre me dizia que Min-ho era um homem de confiança. Mas por quê? Como eles se conheceram? O que meu pai devia a ele?"
Hana sentiu o coração acelerar enquanto as perguntas martelavam sua mente. Ela percebeu que nunca realmente conhecera seu pai além da imagem que ele apresentava para a família.
Tudo parecia misteriosamente planejado — desde o casamento que o pai incentivara até o cuidado excessivo de Min-ho, que agora se revelava um controle absoluto e sufocante. O pai que ela amara e confiara poderia ter um lado sombrio, um lado que ele escondeu dela para manter a fachada de segurança.
Lembrou-se da última conversa que tivera com o pai, pouco antes do acidente. Ele parecia tenso, um pouco distante, mas atribuíra aquilo à pressão dos negócios. Ele lhe dissera para confiar em Min-ho, para se dedicar ao casamento e garantir que tudo continuasse bem. E, então, alguns dias depois, ele se fora, sua vida interrompida de forma repentina e brutal.
"E se… ele soubesse que algo estava errado? E se o acidente foi… planejado?"
A ideia parecia insuportável. Hana segurou a carta mais forte, sua mente girando entre a lealdade que sentira pelo pai e o novo medo que se insinuava. Se Min-ho estivera envolvido na morte do pai dela, significava que ele a enganara desde o início. E, pior, talvez estivesse usando o passado do pai dela como uma arma para controlá-la agora.
Ela leu a carta novamente, tentando encontrar alguma pista, alguma palavra que sugerisse outra coisa, mas tudo parecia terrivelmente claro. Min-ho sabia mais do que ela jamais soubera, e ele estava disposto a destruir a vida dela, até a de sua mãe, para mantê-la presa a ele.
Hana começou a sentir as paredes do quarto apertarem ao seu redor. Não havia saída. Mesmo com a coragem renovada que a presença de Seo-jun trouxera, a ameaça de Min-ho parecia insuperável. Sentia-se como uma prisioneira de uma teia de mentiras e segredos que, no fundo, sempre existira, mas da qual ela nunca fora capaz de escapar.
"E agora? O que eu posso fazer?"
A cada pergunta sem resposta, sua mente se tornava um redemoinho de ansiedade. E, sem saber a quem recorrer, Hana teve uma sensação desesperadora de que talvez a única pessoa que realmente poderia ajudá-la era aquele que conhecia tanto as trevas quanto as feridas que ela carregava: Seo-jun.
Mas Seo-jun era apenas um homem, alguém que poderia não ter os recursos para enfrentá-lo. Ela temia que, mesmo que ele estivesse ao seu lado, isso colocaria ambos em um perigo ainda maior.
A imagem do pai, das palavras incentivadoras e do olhar sério que ele sempre usara ao falar sobre Min-ho, agora parecia distorcida, corrompida pelo peso dessa dívida e do mistério de sua morte. Cada detalhe do passado parecia um quebra-cabeça desconcertante, e ela não sabia por onde começar.
Assim que o advogado deixou a sala, Hana permaneceu imóvel, absorvendo a ameaça velada que ele havia deixado no ar. Uma sensação fria tomou conta dela, como se as paredes ao seu redor tivessem começado a fechar-se lentamente, sufocando qualquer esperança de liberdade.
O som suave da porta abrindo novamente quebrou seu devaneio sombrio. Era Seo-jun.
Ele entrou, e sua presença trouxe consigo uma onda de alívio, mesmo que a preocupação estampada em seu rosto mostrasse que ele pressentia o quanto ela estava abalada. Ele se aproximou e se sentou ao lado dela, seus olhos fixos nos dela, atentos a cada nuance de sua expressão.
Hana respirou fundo, tentando manter a compostura, mas a necessidade de compartilhar seu desespero era mais forte do que qualquer orgulho.
— Seo-jun... ele não vai parar — sussurrou ela, mostrando a carta que ainda tremia em suas mãos. — Ele quer que eu pague uma dívida... uma dívida que, aparentemente, meu pai deixou.
Seo-jun pegou o papel cuidadosamente, lendo com atenção o conteúdo ameaçador, e uma sombra de raiva passou por seu olhar. Ele sabia que Min-ho estava disposto a qualquer coisa para mantê-la sob controle, mas aquela ameaça a atingia em um nível que ele ainda não compreendia completamente.
— Ele mencionou seu pai? — perguntou ele, com a voz baixa, mas carregada de intensidade.
Hana assentiu, sentindo um nó se formar em sua garganta.
— Sim. Meu pai morreu há anos, num... acidente. — Ela hesitou ao pronunciar a palavra, como se só agora questionasse a verdadeira natureza daquele evento. — Eu nunca soube de dívida alguma. E agora, Min-ho quer usar minha mãe para me obrigar a ficar presa a ele.
Seo-jun estreitou os olhos, como se tentasse desvendar algo oculto naquela situação. Ele pousou a mão sobre a dela, e Hana sentiu a firmeza e a segurança de seu toque, um contraste gritante com a ameaça que ainda pairava sobre ela.
— Hana, isso não faz sentido — disse ele, a voz firme. — Seu pai era um homem influente, poderoso. Ele jamais a deixaria em uma situação dessas, especialmente se soubesse que Min-ho...
Ela desviou o olhar, lembranças conflitantes invadindo sua mente. Recordava-se de como seu pai sempre mencionava Min-ho como um "bom partido", insistindo que ele seria o marido ideal para ela. Na época, ela não entendia o que motivava o pai, mas agora, essas lembranças ganhavam uma nova luz, um sentido obscuro que nunca havia percebido.
— Meu pai sempre foi muito rígido sobre com quem eu deveria me casar... e ele parecia confiar em Min-ho de uma maneira que eu nunca compreendi totalmente. Como se houvesse... algo mais entre eles — murmurou, sua voz embargada pela dúvida e pela dor.
Seo-jun apertou levemente sua mão, incentivando-a a continuar. Ele podia ver o conflito no rosto dela, o peso de memórias que até então ela mantivera enterradas.
— Eu só... — ela hesitou, tentando organizar os pensamentos. — Eu só queria entender por quê. Por que ele deixaria essa dívida? E por que agora isso está sendo usado contra mim? Nada disso faz sentido.
Seo-jun fez um leve carinho na mão dela, sua expressão refletindo uma determinação que parecia crescer a cada nova palavra dela.
— Hana, talvez seu pai tenha sido obrigado a fazer esse acordo — sugeriu ele, tentando fazer com que ela enxergasse outras possibilidades. — Talvez ele estivesse preso a algo que não conseguia controlar, assim como você agora. Mas o que importa é que Min-ho não vai vencer. Você não está sozinha nessa.
Ela olhou para ele, absorvendo a gravidade daquele momento e a presença dele em sua vida. A sombra do passado ainda pairava sobre ela, mas, com Seo-jun ao seu lado, sentia que talvez houvesse uma chance de enfrentar tudo aquilo e, finalmente, se libertar.
Enquanto segurava sua mão, a expressão de Seo-jun se suavizou, e Hana percebeu a profundidade daquele gesto, como se ele prometesse que, independentemente das ameaças, ele estaria ali, lutando ao lado dela.
Ele era mais do que uma presença reconfortante; era uma âncora, uma força silenciosa que a ajudava a manter-se firme, mesmo em meio à escuridão.
Seo-jun aproximou-se um pouco mais, os olhos firmes nos dela.
— Você vai conseguir, Hana — sussurrou ele, a voz carregada de uma convicção inabalável. — E eu vou estar aqui, para garantir que Min-ho não toque em você... nem na sua mãe.
Hana, pela primeira vez, sentiu-se mais forte do que a sombra do passado, e uma faísca de esperança acendeu-se dentro dela. Ela sabia que o caminho seria árduo, mas, com Seo-jun ao seu lado, estava determinada a lutar por uma nova vida, livre das amarras que a prendiam a Min-ho e ao passado de seu pai.
Hana respirou fundo, o peso do papel que segurava em suas mãos ainda reverberava. As ameaças veladas de Min-ho deixavam claro que ele tinha mais controle sobre a situação do que ela podia imaginar. Mas ela não estava disposta a ceder tão facilmente. Não dessa vez. Com o olhar fixo em algum ponto distante, Hana começou a pensar em sua mãe. Ela precisava tirá-la das garras de Min-ho, antes que ele usasse a dívida como uma arma contra ela de forma ainda mais cruel.
"Primeiro a mamãe", ela pensou. Precisava encontrar uma maneira de afastá-la de Min-ho, de qualquer coisa que ele pudesse usar para manipulá-las. Sua mente corria em busca de possibilidades, mas era difícil pensar claramente com toda a pressão que sentia.
De repente, o toque de um celular interrompeu seus pensamentos. Seo-jun pegou o telefone e atendeu, afastando-se um pouco dela, mas Hana percebeu o endurecimento em sua expressão ao ouvir a voz do outro lado da linha. Ele trocou algumas palavras rápidas, e então desligou, voltando-se para ela com um olhar sombrio.
— Min-ho foi solto, Hana. Ele pagou a fiança — disse ele, a voz carregada de frustração e raiva contida.
Ela arregalou os olhos, o choque e a indignação cruzando seu rosto ao mesmo tempo.
— Mas… como ele conseguiu? Eu ainda nem prestei depoimento! — questionou ela, a voz embargada pela confusão e o medo. — Como podem deixá-lo sair assim?
Seo-jun balançou a cabeça, claramente perturbado.
— Às vezes, o dinheiro e as conexões dele conseguem dobrar qualquer obstáculo, mesmo diante de crimes graves — respondeu ele, a voz repleta de desprezo. — Não se preocupe, Hana. Isso não muda nada. Ele pode tentar manipular a situação, mas eu estou aqui. Ele não vai chegar perto de você.
Ela sentiu uma mistura de raiva e impotência diante do controle que Min-ho ainda mantinha sobre suas vidas. Por um momento, sua determinação vacilou, mas então ela encontrou os olhos de Seo-jun, e o apoio incondicional que via ali trouxe de volta sua coragem.
Ele se aproximou dela, um pouco mais perto do que antes, e Hana percebeu a intensidade de seu olhar, a forma como ele a observava, como se cada detalhe importasse para ele. Seo-jun parecia decidido, mas havia algo mais ali, um desejo que ela não podia ignorar.
— Hana, você merece muito mais do que tudo isso… merece alguém que possa te dar paz, segurança... alguém que realmente se importe com você — ele sussurrou, a voz baixa e cheia de intensidade. — Não vou deixar que ele te tire isso.
Hana sentiu suas bochechas aquecerem, e o coração começou a bater mais rápido. As palavras de Seo-jun eram como uma promessa, uma que ela desejava aceitar, mas ainda havia tanto medo, tantas dúvidas. Mas a proximidade dele a fazia querer esquecer tudo, esquecer Min-ho, esquecer o passado... e apenas se permitir sentir.
Ele inclinou-se ligeiramente para ela, o olhar fixo nos lábios dela, e por um instante, Hana prendeu a respiração, esperando pelo toque que parecia inevitável.
— Seo-jun… — murmurou, sem saber exatamente o que dizer. As palavras pareciam insuficientes para expressar o turbilhão dentro dela.
Ele sorriu de leve, como se percebesse o impacto que estava causando. Sua mão tocou suavemente o rosto dela, o polegar acariciando a pele com um carinho que fez Hana fechar os olhos por um breve segundo, absorvendo aquela ternura inesperada.
— Eu esperei muito tempo para ter a chance de estar ao seu lado — confessou ele, a voz carregada de um desejo contido. — Só quero que saiba que não está sozinha, não mais.
Antes que ela pudesse responder, a porta do quarto se abriu, interrompendo o momento. Um segurança entrou, a expressão séria.
— Senhorita Hana — ele disse, com um tom preocupado. — O senhor Min-ho está do lado de fora, ele quer entrar. Parece… calmo, mas insiste em vê-la.
O coração de Hana afundou, a realidade voltando como uma onda gélida que a atingiu sem piedade. Ela sentiu a mão de Seo-jun apertar a dela com firmeza, um lembrete silencioso de que ele estava ali. Por mais que a presença de Min-ho ameaçasse sua nova esperança, Hana sabia que, desta vez, ela não estava sozinha para enfrentar o pesadelo.
A sensação de pânico que tomava conta de Hana era avassaladora, um nó apertado em seu peito, e ela não conseguia conter o medo crescente de colocar Seo-jun em perigo. Pensar que ele enfrentaria Min-ho por sua causa a fazia estremecer. Sabia muito bem do que Min-ho era capaz, e a última coisa que queria era que alguém pagasse o preço por defendê-la.
Ela lançou um olhar aflito para Seo-jun, e sua voz tremeu levemente ao murmurar:
— Seo-jun… eu não posso arriscar você assim. Ele é perigoso… muito mais do que você imagina.
A resposta dele veio com um leve sorriso nos lábios, mas os olhos estavam sérios e firmes.
— Hana, eu já estou do seu lado. Ele sabe disso. Não estou me escondendo.
Ela arregalou os olhos, surpresa e alarmada. O tom seguro dele sugeria que aquilo já estava resolvido — mas como? Quem era, de fato, Seo-jun? Sabia que ele era bem-sucedido, que tinha uma certa influência, mas não imaginava que fosse capaz de enfrentar Min-ho sem medo. Havia muito sobre ele que ela não conhecia, mas agora percebia que ele poderia ser sua única esperança de sair daquela situação.
A porta do quarto se abriu de repente, interrompendo seus pensamentos. Min-ho entrou com um sorriso cínico no rosto, segurando um buquê de flores e uma cesta de frutas. O que deveria ser um gesto de carinho parecia falso, desprovido de qualquer calor ou sinceridade, e a expressão de desdém em seus olhos revelava que ele apenas usava a situação para reforçar sua autoridade sobre ela.
Antes que ele pudesse avançar mais um passo, Seo-jun se postou à frente de Hana, bloqueando o caminho de Min-ho. A tensão entre os dois era palpável, e os olhares que trocaram carregavam promessas não ditas de confronto.
Min-ho hesitou, claramente surpreso, mas logo recuperou a postura e deixou o sorriso amargo enrijecer seu rosto.
— Hana, minha querida — disse ele, em um tom meloso que só fez com que o nojo de Hana aumentasse —, sua mãe está ansiosa para você voltar para casa. Ela sente sua falta.
O impacto de suas palavras caiu como uma pedra no estômago de Hana. Ele estava usando sua mãe como uma arma, e isso era um golpe quase insuportável. Min-ho sabia que tocar no bem-estar de sua mãe era a forma mais cruel de manipulá-la, e a dor em seu peito se intensificou. Ela respirou fundo, tentando acalmar o desespero em sua voz.
— Min-ho… eu aceito o acordo de não denunciar você nem ir à imprensa, mas você precisa soltar minha mãe e me dar o divórcio.
A resposta dele veio com uma risada seca, um som baixo e carregado de desprezo.
— Eu posso libertar sua mãe, Hana. Mas o divórcio? — Min-ho estreitou os olhos, o tom de ameaça evidente. — Isso, eu não posso fazer. Você acha que vou deixá-la ir assim tão fácil? Você é minha, Hana. Isso não vai mudar.
Seu coração apertou, o horror de perceber que ele a via como um troféu, algo que ele tinha orgulho de possuir e manipular. E, por trás das palavras, havia algo mais, uma intenção sombria que Hana ainda não conseguia entender por completo.
Ela sentiu o olhar de Seo-jun sobre ela, firme e protetor, como se ele estivesse pronto para lutar por ela. Essa presença inabalável dava a ela uma força que mal compreendia, mas de que estava precisando agora mais do que nunca.
Nesse momento, Min-ho olhou para ela, e seu sorriso ganhou um toque sádico.
— Não se esqueça, Hana. Além de tudo o que já ofereci, há uma dívida. Uma dívida que seu pai deixou, e que agora cabe a você pagar. Ele sabia muito bem o que estava fazendo, e agora você deve pagar o que é devido.
O tom de Min-ho era cruel, afiado, uma forma de pressão que ele sabia que a atingiria no ponto fraco. Hana sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A menção à dívida de seu pai parecia tão irreal, tão fora do caráter dele, mas, ao mesmo tempo, deixava claro que Min-ho ainda tinha mais uma carta na manga.
Antes que ela pudesse responder, Seo-jun deu um passo à frente, sua expressão endurecida, a voz baixa, mas cheia de autoridade.
— Essa dívida já foi resolvida. Você não tem mais o direito de usá-la para manipular a Hana.
Min-ho foi pego de surpresa, e seu rosto endureceu. Era como se ele estivesse diante de uma verdade inesperada, algo que nunca pensou que seria questionado. Hana olhou para Seo-jun, incrédula e confusa. Jamais imaginara que ele pudesse intervir em algo tão pessoal e complexo. Quem era ele, afinal?
Min-ho tentou manter a compostura, mas a incerteza transparecia em seu rosto.
— Está blefando, Seo-jun — ele retrucou, tentando reaver o controle da situação. — Essa é uma questão familiar. Não tem nada a ver com você.
Seo-jun cruzou os braços e sorriu de leve, um sorriso que demonstrava total controle da situação.
— Não estou blefando. Se você tentar usar essa dívida novamente como chantagem, Min-ho, garanto que nunca mais terá o poder de tocar nesse assunto. Essa dívida foi resolvida, e você sabe disso.
As palavras de Seo-jun foram como um golpe, um corte seco no controle que Min-ho julgava inabalável. Ele abriu a boca para responder, mas não encontrou nada para dizer.
Hana, ainda surpresa com a revelação, olhou para ele com renovada esperança. O apoio de Seo-jun era mais do que uma ajuda; era um novo fôlego, uma chance que ela mal esperava encontrar.
Por fim, Min-ho lançou um último olhar de ódio a Seo-jun, e voltou a olhar para Hana com uma expressão carregada de desdém.
— Talvez eu possa retirar essa questão da dívida… mas sua mãe — ele lançou um sorriso de escárnio — ainda espera você em casa.
Hana respirou fundo. Estava claro que, enquanto tivesse sua mãe sob controle, ele não a deixaria em paz. Ela precisaria de uma nova estratégia, um plano para resgatar sua mãe daquele domínio perverso e sair de vez da vida dele.
— Eu preciso de tempo para pensar, Min-ho — disse ela, sua voz controlada, mas com a decisão clara nos olhos. — Isso não vai terminar aqui. E você sabe disso.
Min-ho a olhou com um misto de ódio e desprezo, como se sua determinação o enervasse, mas ele assentiu, quase com um toque de diversão sádica em seus lábios. Com um último olhar desafiador para Seo-jun, ele virou-se e saiu do quarto.
Assim que a porta se fechou, Hana soltou o ar, sentindo um peso sair de seus ombros, embora a apreensão ainda estivesse lá. Ela virou-se para Seo-jun, sentindo uma mistura de alívio e renovada determinação.
— Eu não vou desistir. Min-ho pode se recusar a me dar o divórcio agora, mas eu vou lutar até o fim. E vou tirar minha mãe das mãos dele.
Seo-jun assentiu, e havia admiração e apoio nos olhos dele.
— Estarei ao seu lado em cada passo, Hana. Vamos tirar sua mãe dessa situação juntos.
As palavras dele ressoaram em seu coração como uma promessa firme, um juramento de que ela não estaria mais sozinha. Com ele ao seu lado, ela sentiu que poderia enfrentar qualquer coisa — até mesmo as ameaças sombrias de Min-ho.
A história completa de Hana, repleta de reviravoltas, paixão, e coragem, está disponível para você se aprofundar ainda mais nos segredos, dores e esperanças que moldam sua jornada.
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