Após o encontro com os sussurros das sombras, Saran sentia-se mais forte, mas a jornada ainda não havia terminado. Enquanto caminhava, as árvores começaram a se abrir em um espaço mais amplo, e um brilho dourado penetrou através das folhas, iluminando o caminho à sua frente. A luz era quase hipnótica, como um farol guiando-a para longe da escuridão.
Com cada passo em direção à luz, uma sensação de expectativa e nervosismo crescia dentro dela. O que essa luz poderia significar? O que Saran descobriria quando finalmente a alcançasse? As perguntas dançavam em sua mente enquanto ela avançava, a rosa em suas mãos parecendo brilhar com um tom mais vibrante.
Ao cruzar a linha das sombras e entrar na clareira iluminada, Saran ficou deslumbrada. A luz envolvia tudo, fazendo as cores das flores e das folhas parecerem mais vivas, como se a própria natureza estivesse celebrando sua presença. Mas, no centro da clareira, algo chamou sua atenção — uma fonte cristalina que reluzia sob o sol, espelhando a luz em mil direções.
Quando Saran se aproximou da fonte, uma onda de emoções a invadiu. Olhando para o reflexo da água, ela viu não apenas seu próprio rosto, mas imagens de momentos de sua vida que não havia confrontado. A primeira vez que seu pai a havia gritado. O olhar triste de sua mãe, perdendo-se em vícios. E, então, flashes de momentos felizes com sua avó, onde o amor parecia preencher os vazios da dor.
Saran sentiu uma onda de compaixão por si mesma. A dor que carregara por tanto tempo se transformou em tristeza e amor. Com lágrimas escorrendo pelo rosto, ela finalmente compreendeu que, para seguir em frente, precisava perdoar não apenas os outros, mas também a si mesma. Era hora de soltar as correntes que a prendiam ao passado.
- Eu não sou mais aquela criança. - sussurrou para o reflexo.
- Eu não sou definida pelas minhas memórias de dor. - A rosa em suas mãos começou a brilhar intensamente, como se estivesse absorvendo a luz da fonte. Saran a segurou mais perto do coração, reconhecendo-a como um símbolo de sua força e resiliência.
Ao olhar novamente para o reflexo, algo inesperado aconteceu. A imagem de seu pai e sua mãe começou a se desfocar, e ela viu a si mesma em um novo cenário — mais forte, mais madura, cercada de amor e amizade. Era uma visão do futuro, um convite para reescrever sua própria história.
Naquele momento, Saran percebeu que a luz não apenas revelava o que estava escondido nas sombras, mas também oferecia uma nova perspectiva. Ela se permitiu sentir perdão — não para absolver seus pais, mas para libertar a si mesma do peso do ressentimento.
- Eu te perdoo, papai. Eu te perdoo, mamãe. E eu me perdoo. - ela declarou, sentindo a liberdade inundar seu ser.
As lágrimas que caíam agora eram de alívio e cura. A luz ao seu redor parecia dançar, celebrando sua decisão de deixar para trás o que não mais lhe servia. A clareira tornou-se um santuário de renovação, e Saran sentiu-se cercada por uma energia amorosa, como se a própria floresta estivesse abraçando-a.
Com a rosa ainda em mãos, Saran sorriu, entendendo que a escuridão sempre faria parte dela, mas agora, ao lado da luz, ela poderia escolher como viver com suas memórias. E enquanto se afastava da clareira, a certeza a envolveu: a jornada estava apenas começando.
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