Quando penso no passado, minha mente retorna a um momento em que o mundo ainda parecia estável, intacto. Mas sempre houve algo no ar, como o sussurro de uma tempestade que se aproxima. Um vento invisível que arrancava pouco a pouco o alicerce da nossa pequena felicidade.
Minha infância foi um quebra-cabeça de momentos perfeitos e sombras que eu era jovem demais para compreender. O riso do meu irmão Ji-ho preenchia a casa, enquanto o cheiro de chá de cevada preparado por minha mãe aquecia as noites de inverno. Meu pai, com seu olhar atento aos números em sua mesa de trabalho, parecia carregar o peso de um segredo que ninguém ousava questionar.
Havia palavras sussurradas no silêncio da noite, palavras que eu não entendia, mas que deixavam um gosto amargo no ar: "dívidas", "solução", "fim". Não importa o quanto eu tentasse, nunca conseguia afastar a sensação de que algo estava errado, de que a superfície tranquila escondia fissuras profundas.
Tudo começou como um dia comum. Sol no céu, o som das ondas ao longe, e risadas enchendo o parque. Então, em um instante — um som de pneus derrapando, um grito engasgado na garganta, e o mundo que eu conhecia se desfez em silêncio.
Desde aquele momento, aprendi que a vida pode ruir sem aviso, e o que vem depois... bem, o depois é uma escuridão que ninguém está preparado para enfrentar.
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