Hana olhou ao redor de sua nova casa, a luz do sol atravessando as cortinas brancas e iluminando o ambiente de forma suave. Era uma manhã tranquila, mas a serenidade no ar parecia quase irreal para alguém que havia passado por tantas tempestades. Ela fechou os olhos por um instante, permitindo-se sentir aquele momento. Era liberdade, uma sensação que há muito parecia impossível.
Sua vida era agora um mosaico de recomeços. Cada pedaço de dor, perda e luta fazia parte de quem ela era, mas não mais definia quem ela seria. Ela respirou fundo, sentindo o cheiro do café recém passado que ainda estava sobre a bancada da cozinha. Pequenos gestos como preparar o café sozinha eram um símbolo poderoso de sua independência, algo que antes ela nunca imaginou que teria.
Hana estava reconstruindo sua história. Inscrevera-se em um programa de licenciatura, decidida a começar a ensinar e a compartilhar algo que sempre esteve em seu coração: o conhecimento e a esperança de que mesmo nos momentos mais sombrios, há luz. Não era apenas um emprego; era um novo propósito.
Por muito tempo, ela viveu no controle de Min-ho, subjugada por suas manipulações e abuso, totalmente Perdida naquele controle possesivo. Mesmo após sua morte, as cicatrizes emocionais ainda a perseguiam, mas ela aprendera a enfrentá-las. Com Seo-jun ao seu lado, sentira pela primeira vez o que era ser amada de verdade, mas ele também a ensinou que a força para recomeçar vinha dela mesma.
Agora, enquanto organizava os papéis de sua inscrição, Hana se sentia uma mulher diferente. Ainda havia desafios, claro, e o passado sempre teria um peso, mas ela era finalmente dona de sua vida.
O silêncio reconfortante da casa foi interrompido pelo toque repentino do telefone. Ela franziu a testa, levantando-se para atender.
— Alô? — disse ela, com a voz calma.
Do outro lado, a voz fria e inesperada de Cha-woo congelou seu corpo por um momento.
— Hana, preciso te ver.
Ela não respondeu de imediato. O som de sua voz trouxe de volta lembranças desconfortáveis, o julgamento recente, as verdades dolorosas que haviam emergido. Ainda assim, ela recobrou o controle e, sem dizer nada, desligou.
Respirou fundo, tentando ignorar o turbilhão que aquele telefonema causara. No entanto, o telefone tocou novamente. Ela hesitou, por um bom momento, mas atendeu, depois de tamanha insistência.
— Eu já disse que não quero te ver — disse com firmeza.
— É sobre Seo-jun — Cha-woo respondeu, sua voz carregada de intenção.
Aquela frase a atingiu como um soco no estômago. Por um momento, ela não soube como reagir.
— Não tenho nada a falar sobre ele com você.
E, mais uma vez, desligou.
Hana caminhou até a janela, olhando para a rua tranquila. O que ele queria? O que poderia saber sobre Seo-jun que ela não sabia? Por um breve instante, o medo tentou se infiltrar, mas ela o afastou. Não era mais aquela mulher frágil e insegura. Ela havia enfrentado situações muito piores e sobrevivido.
O telefone tocou novamente, e ela atendeu, agora com uma determinação renovada.
— Hana, você não sabe quem Seo-jun é. Ele é igual a Min-ho — Cha-woo disse, tentando convencê-la.
Ela não hesitou. Sua voz era firme e cheia de convicção.
— Eu sei exatamente quem ele é, o tipo de homem que ele é. Você não vai me destruir, Cha-woo. Eu confio em Seo-jun.
Antes que ele pudesse responder, ela desligou novamente. Desta vez, algo dentro dela havia mudado. Não era só sobre confiar em Seo-jun; era sobre confiar em si mesma e na força que ela descobrira ao longo de sua jornada.
Hana pegou o telefone e ligou para Seo-jun. Ele atendeu quase imediatamente, como sempre fazia.
— Hana? Tudo bem?
— Está, eu só queria dizer que confio em você... — respondeu ela, com um sorriso nos lábios.
Seo-jun ficou em silêncio por um momento, surpreso.
— Eu também confio em você — respondeu ele, com a voz carregada de emoção.
Ela não explicou mais, mas sabia que ele entenderia. E, claro, ele veio.
Pouco tempo depois, o som do elevador parando em seu andar, a chave na porta abrindo, como uma melodia familiar. Hana correu até a porta e, ao vê-lo entrando, lançou-se em seus braços, envolvendo-o em um abraço que dizia mais do que qualquer palavra poderia.
— Hana, o que aconteceu? — perguntou ele, segurando-a com preocupação.
Ela encostou a cabeça em seu ombro, sentindo o calor que ele sempre trazia consigo.
— Cha-woo ligou... Ele queria me ver... queria falar sobre você.
Seo-jun franziu a testa, seus olhos atentos examinando cada expressão no rosto dela.
— O que ele disse?
— Disse que você era como Min-ho — respondeu ela, com a voz firme. — Mas eu disse a ele que confio em você. Que sei quem você é.
Ele respirou fundo, como se aquelas palavras fossem a âncora de que ele precisava.
— Você acredita em mim?
— Eu acredito. Sei que você nunca machucaria um inocente, que você sempre esteve comigo, mesmo quando eu não percebia.
Seo-jun a olhou com intensidade, puxando-a para um beijo demorado e cheio de emoção. Quando se afastaram, ele sussurrou:
— Obrigado por acreditar em mim, Hana.
Naquele momento, Hana percebeu que não estava apenas recomeçando uma nova vida. Estava começando uma vida ao lado de alguém que a amava de verdade, e isso era tudo o que ela precisava.
Um Amor Inesperado
Hana estava sentada na pequena varanda do apartamento, o vapor da caneca de chá quente subindo em espirais suaves, como se estivesse levando embora os últimos resquícios das tempestades que haviam assombrado sua vida. O horizonte à sua frente era um espetáculo vibrante, pintado em tons de laranja, rosa e dourado. Cada cor parecia contar uma história de esperança, um lembrete de que os dias mais sombrios estavam ficando para trás.
O vento acariciava seu rosto, trazendo o aroma das flores que desabrochavam no jardim abaixo. Era um cheiro doce, fresco, que parecia harmonizar perfeitamente com o momento. Mas, para Hana, a verdadeira poesia daquele instante estava dentro do apartamento, onde Seo-jun, distraído, organizava algo na cozinha. Ele cantarolava uma melodia suave, o som flutuando até ela como uma carícia.
"Como isso pode ser real?", pensou Hana, enquanto seus olhos viajavam entre o céu e a figura serena de Seo-jun. Por tanto tempo, ela acreditara que o amor era uma prisão, um jogo de controle e poder. Agora, ela sabia o quanto estava errada. O amor, quando verdadeiro, era liberdade. Era calma, paciência e aceitação.
Seo-jun surgiu na varanda com um sorriso leve, sentando-se ao lado dela. Sem dizer nada, entrelaçou os dedos aos dela, e aquele toque simples bastou para Hana sentir uma onda de paz percorrer seu corpo. Era um silêncio confortável, cheio de significado. Não precisavam de palavras para entender o que estavam vivendo.
— Você está pensativa,— Seo-jun comentou, rompendo o silêncio com a voz baixa e envolvente. Ele olhava para ela, os olhos profundos e cheios de curiosidade.
— É difícil acreditar que isso seja real,— admitiu Hana, com um sorriso tímido. — Tudo isso... você. Parece um sonho.
Seo-jun apertou levemente sua mão, como se quisesse garantir que ela sentisse sua presença. — Se é um sonho, então é o melhor que já tive.— respondeu, sua voz carregada de ternura.
Hana riu suavemente, o som misturando-se ao canto dos pássaros que se preparavam para o anoitecer. Ela sentia o peso dos últimos meses começar a se dissipar, como uma névoa que se desfazia com o calor do sol. Era difícil explicar o quanto aquele homem tinha transformado sua vida. Ele não apenas a salvara das garras de um passado cruel, mas também mostrara o que era o verdadeiro amor.
Enquanto observavam o horizonte, Seo-jun lançou um olhar breve para o bolso de sua jaqueta, onde guardava algo que carregava consigo há semanas. Aquilo era mais do que um presente. Era uma promessa, um símbolo do futuro que ele queria construir ao lado dela.
Ele se inclinou para mais perto, como se quisesse capturar cada nuance do momento.
— Hana... — ele começou, sua voz suave mas carregada de emoção.
— Eu esperei o momento certo para isso... e acho que ele finalmente chegou.
Os olhos dela buscaram os dele, uma mistura de surpresa e curiosidade estampada em seu rosto. E, por um instante, o mundo inteiro pareceu prender a respiração.
Perdida, Mas Encontrada
Seo-jun olhou para ela, os olhos brilhando com uma mistura de nervosismo e determinação. Ele tirou um pequeno envelope do bolso, segurando-o com cuidado, como se fosse um objeto precioso.
— O que é isso? — Hana perguntou, inclinando a cabeça levemente, seu sorriso curioso acompanhado por uma pontada de desconfiança.
Ele respirou fundo antes de responder.
— Algo que quero compartilhar com você. Algo que escrevi.
Hana pegou o envelope, sentindo o leve amassado do papel sob os dedos. Ela podia perceber o peso simbólico daquele momento, e isso a deixou mais hesitante do que o habitual. Com dedos delicados, abriu o envelope, revelando uma carta dobrada. A caligrafia era firme e familiar, mas antes que ela pudesse focar nas palavras, algo deslizou do envelope e caiu suavemente sobre seu colo.
Um anel.
Simples, mas incrivelmente elegante, o anel prateado com um pequeno detalhe brilhante parecia carregar um mundo de significados. Hana prendeu a respiração, os olhos fixos no objeto enquanto sua mente tentava processar o que aquilo significava.
Ela levantou os olhos para Seo-jun, que parecia inquieto. Suas mãos esfregavam nervosamente as coxas enquanto ele a observava, como se cada segundo fosse uma eternidade.
— Seo-jun... — ela começou, mas ele balançou a cabeça, interrompendo-a suavemente.
— Leia primeiro. — Sua voz era calma, mas carregada de expectativa e emoção.
Com um pequeno aceno, Hana desviou os olhos para a carta. Suas mãos tremiam levemente enquanto desdobrava o papel e começava a ler:
"Hana,
Eu escrevo isso porque as palavras sempre pareceram mais fáceis no papel do que saindo da minha boca. Eu nunca fui bom em expressar sentimentos, mas com você é diferente. Você me faz querer tentar, me faz querer ser melhor.
Eu sei que nossa história começou no meio de uma tempestade, e talvez, por um tempo, tenha parecido que não havia saída. Mas você encontrou uma forma de atravessar as trevas, Hana. Você não é apenas forte — você é a pessoa mais incrível que eu já conheci.
Eu não estou aqui para te salvar, porque você nunca precisou disso. Estou aqui porque quero caminhar ao seu lado, segurar sua mão quando o mundo parecer pesado demais, e ser aquele em quem você pode confiar, mesmo quando duvidar de tudo.
Esse anel não é apenas um símbolo do que sinto por você. É uma promessa. Prometo estar com você em cada passo, em cada queda e em cada vitória. Porque você é o amor da minha vida. E onde quer que você esteja, é onde eu quero estar também. Você não é apenas meu lar, Hana. Você é o meu tudo.
Fica comigo pra sempre, Hana?"
Quando terminou de ler, Hana não conseguiu conter as lágrimas. Cada palavra parecia um reflexo de sua jornada, como se ele tivesse lido as páginas mais profundas de seu coração e traduzido em sentimentos que ela mal sabia como expressar.
Ela levantou o olhar, os olhos marejados encontrando os de Seo-jun, que esperava em silêncio, quase sem respirar. Ele parecia tão vulnerável naquele momento que ela não conseguiu segurar um sorriso misturado com lágrimas.
— É real, não é? — perguntou ela, a voz trêmula, quase um sussurro.
Seo-jun segurou sua mão com delicadeza, seu toque firme e reconfortante.
— É mais do que real. É tudo o que eu sempre quis.
Hana riu suavemente entre as lágrimas, segurando o anel com cuidado antes de colocá-lo em seu dedo. Ele se encaixou perfeitamente, como se tivesse sido feito para ela, a muito tempo.
Ela olhou para ele novamente, seu sorriso agora carregado de uma certeza que não sentia há muito tempo.
— Então acho que é hora de finalmente aceitar que o amor não é só uma palavra, mas uma escolha. E eu escolho você, Seo-jun.
Seo-jun soltou a respiração que parecia ter prendido por minutos, e um sorriso largo iluminou seu rosto. Ele segurou o rosto dela com ambas as mãos e a beijou, um gesto cheio de promessa, renovação e amor.
Naquele instante, tudo o que parecia quebrado foi reconstruído. E pela primeira vez em muito tempo, Hana sentiu que estava exatamente onde deveria estar.
Eles ficaram sentados lado a lado, observando o dia se despedir em tons alaranjados e roxos no horizonte. A paz daquele momento era algo que Hana nunca havia experimentado antes, uma sensação de completude que parecia tão natural quanto respirar.
Seo-jun quebrou o silêncio com um sorriso malicioso.
— Agora acho que precisamos aumentar nossa família — brincou ele, olhando para Hana com olhos travessos.
Hana arqueou uma sobrancelha, rindo, e o empurrou de leve.
— Cada coisa ao seu tempo, Seo-jun. Sei muito bem o que quer dizer com isso.
Seu tom era de brincadeira, mas o leve rubor que se espalhou por suas bochechas revelou a profundidade daquele momento. Seo-jun riu baixinho, e por um instante, olhou para ela com um brilho diferente no olhar, como se quisesse dizer algo mais. Em vez disso, ele a puxou suavemente para mais perto, os braços envolvendo-a com cuidado e ternura.
A vida que Hana estava reconstruindo era feita de pequenos momentos como aquele. Momentos em que o simples ato de estar ao lado de alguém que a amava de forma genuína era suficiente para trazer sentido a tudo o que ela havia enfrentado.
Enquanto a noite caía, as estrelas começaram a aparecer no céu, brilhando como testemunhas silenciosas daquele novo capítulo de suas vidas. Seo-jun inclinou-se levemente, sussurrando com calor de sua voz trazendo um conforto indescritível.
— Querida, você é meu lar... meu amor... meu tudo.
Hana sorriu, sentindo o calor invadir seu peito e preencher cada espaço vazio que outrora existiu. Com a voz suave e carregada de emoção, respondeu:
— E você... você é meu lar, meu amor... você é o meu encontro.
Eles permaneceram assim, sob o céu estrelado, envoltos por uma cumplicidade que só o verdadeiro amor pode proporcionar. Seo-jun acariciou o rosto dela, como se estivesse tentando memorizar cada detalhe, e então a beijou.
O beijo foi quente, cheio de ternura de amor, como se fosse o ultimo beijo deles. Foi cheio de certezas, um encontro de almas que haviam sobrevivido às tempestades e encontrado abrigo uma na outra. Era como se, naquele gesto, estivessem reafirmando tudo o que haviam construído juntos: uma promessa silenciosa de que, dali em diante, enfrentariam tudo lado a lado.
Quando o beijo terminou, Seo-jun descansou a testa contra a dela, seus sorrisos se encontrando em uma dança silenciosa.
— Você está pronta? — ele perguntou, a voz baixa, mas cheia de significado.
Hana olhou para ele, e pela primeira vez, não havia dúvidas, apenas a mais pura certeza.
— Estou pronta para tudo, desde que seja com você.
Enquanto o sol desaparecia completamente, cedendo lugar ao manto da noite, Hana percebeu que não estava apenas recomeçando sua vida. Estava, pela primeira vez, realmente vivendo.
Ela olhou para o homem que havia sido mais do que uma âncora em sua tempestade; ele era o vento que a ajudava a seguir em frente. E, com o coração cheio de esperança e amor, ela soube que, finalmente, estava encontrada.
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