Felicidade: Um Milagre Entre Dor e Esperança
Felicidade. Uma palavra tão simples, mas que carrega em si um universo inteiro de significados. Para mim, a felicidade nunca foi apenas um sentimento leve ou passageiro. Sempre esteve entrelaçada com lágrimas que eu não sabia que tinha força para enxugar, com cicatrizes que nunca deixarão de existir. A felicidade não é o contrário da dor — é o que nasce depois dela, como uma flor que teima em crescer entre as rachaduras de um chão seco.
Demorei para escrever esta postagem. Não porque eu não soubesse o que dizer, mas porque revisitar essas memórias ainda é difícil. Falar de felicidade, para mim, é mergulhar em momentos que misturam risos e lágrimas, amor e perdas. É reviver dores que nunca se apagaram totalmente e, ao mesmo tempo, celebrar os milagres que me transformaram. Algumas histórias deixam marcas tão profundas que mesmo as palavras parecem pequenas diante delas.
Lembro-me das vezes que sorri de verdade. Daquelas felicidades que aquecem o peito e fazem o mundo parecer mais brilhante. Mas, por trás de cada uma dessas lembranças, há uma sombra. Uma dor que moldou a mulher que sou hoje. Não é fácil falar disso, mas é necessário, porque acredito que só quem conhece a dor é capaz de valorizar profundamente a felicidade.
Eu vivi momentos que pareciam esmagar meu coração. Perdi meu primeiro bebê, um milagre que mal teve tempo de existir. Ele estava em minhas trompas, e, ao mesmo tempo em que salvou minha vida, também levou uma parte de mim. Para quem não sabe, as trompas de Falópio são estruturas delicadas do sistema reprodutor feminino. Elas conectam os ovários ao útero e são o caminho pelo qual o óvulo fecundado viaja para se implantar. Quando a gravidez ocorre fora do útero, como no meu caso, ela pode se desenvolver na trompa, causando riscos graves para a mãe e impossibilitando a sobrevivência do bebê.
Os médicos removeram meu ovário e minha trompa esquerda, e com isso levaram um pedaço da minha esperança. Era como se o universo estivesse me testando, tirando-me algo tão precioso enquanto me dava outra chance de respirar.
Depois veio outra perda. Carreguei meu segundo bebê por poucos meses, apenas para vê-lo partir também. Era como se a vida insistisse em me lembrar de quão frágil tudo pode ser. E, ainda assim, apesar de toda a dor, algo dentro de mim se recusava a desistir. Talvez fosse fé, talvez fosse apenas um fio de teimosia que não me deixava soltar a corda da vida.
Os médicos foram claros: "Você não pode engravidar novamente, seus testes não estão bons. Vocês não é fertil." Palavras que soavam como uma sentença, mas que, de alguma forma, nunca foram definitivas para mim. Porque, às vezes, o impossível encontra um caminho. E encontrou.
Um ano depois, o inesperado aconteceu. Minha filha nasceu, perfeita e saudável. Ela era meu arco-íris depois da tempestade, a prova de que os milagres existem, ela era meu terceiro milagre. Quando a segurei pela primeira vez, foi como se todas as feridas tivessem um motivo. A dor não desapareceu, mas agora fazia sentido.
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