Hana estava paralisada, suas mãos tremendo levemente enquanto tentava digerir as palavras de Seo-jun. Ele havia revelado algo tão grande, algo tão além de sua compreensão, que sua mente parecia estar em um turbilhão constante. Seu estômago se revirava, e as palavras dele ainda ecoavam em sua cabeça: "Eu entrei nesse mundo para tentar salvar você". Mas, por que ele não havia contado tudo antes? O que ele ganhava mantendo tantos segredos?
Seo-jun estava ali, na sua frente, com os olhos fixos nela, esperando que ela reagisse, mas Hana sentia como se não houvesse mais nada para entender. Ela queria gritar, correr, fugir de tudo aquilo, mas, ao mesmo tempo, havia algo em sua mente que a impedia de fazer qualquer movimento. O medo de perder as poucas certezas que ela ainda tinha.
— Então, foi isso… — Ela murmurou, a voz baixa e carregada de incredulidade. — Você sabia o tempo todo o que estava acontecendo, mas me escondeu? Me deixou acreditar que tudo estava bem, que você era a minha salvação… — Ela engoliu seco, tentando controlar as lágrimas que ameaçavam surgir. — E agora você me diz que estava apenas tentando proteger a mim e à minha mãe de algo ainda mais sombrio? Como posso confiar em você depois disso?
Seo-jun parecia sentir o peso das palavras dela, e sua expressão, antes firme e decidida, agora estava tensa, como se ele fosse se quebrar diante dela. Ele abriu a boca para falar, mas Hana não o deixou.
— Não! — Ela interrompeu, seu corpo tenso, as mãos agora apertando os lençóis da cama. — Você não pode me pedir para confiar em você depois de tudo isso, Seo-jun. Eu nunca imaginei que meu pai fosse capaz de… de tudo o que você disse. Ele se envolveu com Min-ho? Vendeu informações? Eu pensei que ele fosse… só um homem comum, mas ele… estava se afundando em algo tão sujo?
Seo-jun deu um passo à frente, mas ela deu um passo para trás, afastando-se dele. Não queria mais estar perto dele, não queria mais ouvi-lo. A confiança que ela estava começando a construir nele havia sido destruída, mas o mais doloroso era o fato de que ela não sabia mais quem ele era de verdade. Aquele homem, que parecia ter tudo sob controle, agora se mostrava uma sombra do que ela pensava conhecer.
— Hana, você tem que entender… — Ele começou, a voz mais suave, como se quisesse alcançar alguma parte dela que ainda acreditasse nele. — Eu entrei nesse jogo para proteger você. Não só você, mas sua mãe também. Quando seu pai me procurou, ele estava tão perdido nas dívidas e nos negócios sujos que não sabia mais como sair. Eu não podia deixar você ser engolida por tudo isso. Eu sei que menti, sei que as minhas escolhas te feriram, mas eu fiz o que fiz porque você sempre foi a minha prioridade.
As palavras de Seo-jun começaram a se desvanecer em uma névoa turva na mente de Hana. Ela queria acreditar nele, queria que ele fosse o homem que ela achou que conhecia, mas algo dentro dela estava quebrado. A ideia de que ele estava disposto a se envolver em um mundo tão sujo, sem contar a verdade, a deixava com um vazio imenso no peito.
— Você mentiu sobre tudo… — Ela repetiu, quase em um sussurro, mais para si mesma do que para ele. O peso das palavras parecia apertar sua garganta. — E agora você diz que tudo o que fez foi por minha causa? Como posso acreditar em você, Seo-jun? Como posso olhar para você e ver apenas um homem perdido tentando me proteger, quando você também se perdeu nesse mundo sombrio?
Seo-jun permaneceu em silêncio, a dor em seus olhos visível. Ele não sabia o que dizer. Cada palavra parecia empurrar ainda mais Hana para longe dele. Ele sabia que ela precisava de tempo, que a verdade que ele havia revelado mudaria tudo entre eles, mas, por mais que tentasse, ele não sabia como consertar o que já estava quebrado.
— Eu não posso mais fazer isso, Seo-jun. Não posso viver com mais mentiras. Eu preciso de espaço, preciso entender o que está acontecendo, o que está em jogo. Eu… não sei mais o que fazer com tudo isso. — Ela olhou para ele, os olhos marejados, mas sem lágrimas, e, com um suspiro pesado, se virou. — Me dê tempo. Eu preciso de tempo.
Seo-jun a observou enquanto ela se afastava, a distância entre eles aumentando a cada passo dela. Ele sentiu como se uma parte de si estivesse sendo arrancada, mas sabia que ela precisava disso. Ele se sentou na beirada da cama, seus ombros pesados com o peso da culpa e do arrependimento. Ele fizera tudo o que podia para proteger Hana, mas, no final, ele estava perdido em um jogo do qual não sabia mais como sair. E, pior, ele sabia que agora ela o via com os mesmos olhos desconfiados com os quais ela olhava Min-ho.
Hana parou na porta, antes de sair do quarto. Ela se virou lentamente, e, antes de sair, disse, em um tom quase imperceptível:
— Eu não sei quem você é mais, Seo-jun. Mas, por enquanto, preciso me afastar disso tudo. De você, de Min-ho… de tudo.
E com essas palavras, ela saiu, deixando Seo-jun sozinho no quarto, cercado por sombras e pela solidão de suas próprias escolhas.
Revelações
Seo-jun se lembrou claramente da primeira vez que o pai de Hana veio até ele. O homem estava tenso, olhos avermelhados, suas mãos tremendo ao segurar a xícara de café que Seo-jun lhe oferecera. Nunca havia visto uma expressão tão devastada. O pai de Hana era alguém respeitado na comunidade, alguém que sempre se manteve fora de problemas. Mas naquela noite, ao pedir ajuda, revelou uma história que parecia vinda de um pesadelo.
Ele havia se envolvido com uma rede de tráfico de informações. Não era apenas sobre dinheiro – ele estava vendendo dados confidenciais de empresas e pessoas, documentos que continham segredos financeiros, pessoais e, às vezes, até mesmo provas que poderiam arruinar vidas e carreiras de alto escalão. A rede de tráfico estava organizada de maneira quase impenetrável, com agentes e manipuladores em cada nível. E Min-ho era um desses manipuladores – um dos principais, na verdade. Seu trabalho era usar chantagem, ameaças e, se necessário, violência para garantir que os intermediários continuassem em dívida e dependência total. Pessoas como o pai de Hana.
“Ele controla tudo, Seo-jun. Cada movimento, cada venda... tudo passa pelas mãos dele,” o pai de Hana dissera, sussurrando como se temesse que Min-ho pudesse ouvir mesmo dali.
Seo-jun entendia o que aquilo significava. Pessoas presas em situações assim não tinham como sair sem assistência – e não a assistência da polícia ou de qualquer órgão público. Aquilo estava além da capacidade de qualquer sistema judicial convencional. Min-ho não deixava evidências, suas ameaças eram sempre indiretas, e ele sabia manipular seus alvos, mantendo-os em uma mistura de dependência e medo constante.
Por isso, o pai de Hana procurou Seo-jun. O homem sabia que Seo-jun era dono de uma empresa de segurança privada, mas o que ele não sabia – ou talvez apenas suspeitasse – era que a atuação de Seo-jun ia muito além de vigilância patrimonial. Seo-jun comandava uma organização paralela que lidava com segurança em um nível sombrio, trabalhando na proteção de clientes e na coleta de informações secretas que exigiam métodos intensivos. Sua equipe operava fora do sistema, em uma zona cinzenta, onde a lei não podia interferir.
Ainda assim, ajudar o pai de Hana foi uma escolha difícil para Seo-jun. Ele sabia que intervir em um esquema operado por Min-ho era o mesmo que declarar guerra. Mas o pai de Hana não pediu uma segunda vez – ele estava disposto a qualquer coisa, e implorou para que Seo-jun o ajudasse a pagar a dívida e se desvincular de Min-ho. Sem alternativa, Seo-jun aceitou.
No entanto, com o tempo, Seo-jun começou a perceber algo alarmante: Min-ho não apenas controlava o pai de Hana financeiramente; ele o pressionava, ameaçando diretamente Hana para garantir o silêncio do pai dela. Foi assim que Seo-jun descobriu o verdadeiro caráter de Min-ho – manipulador, cruel, abusivo. Hana era, para ele, mais uma peça de chantagem, alguém que ele mantinha sob controle através do terror psicológico, ameaçando sua segurança sempre que algo o incomodava. Ao saber disso, o pai de Hana se desesperou ainda mais. Uma noite, ele foi confrontar Min-ho, ameaçando expor tudo e tirar Hana de sua influência, mas o confronto terminou de forma trágica.
Um acidente, disseram. O carro dele derrapou numa estrada sem iluminação, estava chovendo muito, e acabou chocando-se contra um poste. Seo-jun se lembrou do olhar frio de Min-ho ao receber a notícia. Ele era bom em esconder as emoções, mas naquela noite, Seo-jun teve certeza de que Min-ho estava envolvido na morte do pai de Hana. O "acidente" parecia cuidadosamente orquestrado, e tudo se encaixava. Min-ho não apenas se livrara de alguém que representava um perigo para seus negócios, mas também garantira que Hana continuasse em sua posse, sem ninguém que ousasse desafiá-lo.
Desde então, Seo-jun carregava essa culpa – ele sabia que, ao tentar ajudar, havia se tornado alvo da ira de Min-ho. Pior, ele se questionava se havia feito o suficiente. O acidente do pai de Hana ainda o assombrava, deixando-o inseguro sobre até onde Min-ho iria para manter sua rede intacta. E agora, enquanto observava Hana, sentia o peso de toda a verdade. Sabia que revelar a profundidade de sua ligação com esse mundo e a escuridão por trás da morte do pai dela traria consequências inimagináveis.
O Peso da Verdade
Hana abriu a porta do quarto com as mãos tremendo. O silêncio do ambiente a envolveu de imediato, e o quarto parecia ainda mais vazio sem a presença de Seo-jun. Ela havia saído do hospital para tomar um ar, mas ao voltar, algo parecia diferente. Não conseguia identificar se o ambiente havia mudado ou se era ela mesma quem se sentia transformada.
Seus passos a conduziram até a cama, onde uma folha de papel estava dobrada cuidadosamente sobre o travesseiro. Ao ver a letra de Seo-jun, o coração de Hana deu um salto. Ela não sabia o que esperar dele, mas, com uma sensação de desespero misturado com curiosidade, se sentou na cama e abriu a carta.
“Hana,
Eu sei que você deve estar cheia de perguntas, e a verdade é que talvez eu nunca tenha sido capaz de te contar tudo o que você precisa saber. Seu pai tentou fazer o certo, mas ele foi tarde demais. Ele se enredou em algo que não tinha como sair, e Min-ho... Min-ho não é alguém que vai parar por conta própria. Ele é muito mais do que imagina. Ele controla vidas, manipula tudo ao seu redor com chantagens e crueldade, e eu... tentei ajudar, tentei manter vocês fora disso, mas não sei se fui bem-sucedido.
Eu não queria que você passasse por isso, Hana, mas eu entrei nesse jogo porque seu pai me procurou. Ele estava perdido, desesperado, e achava que conseguia escapar de tudo. Mas não era assim. Nada disso era simples. E quando ele foi atrás de Min-ho para tentar libertar você, não podia imaginar que as consequências seriam tão terríveis.
Eu tenho feito tudo o que posso para proteger vocês. Mas a verdade é que, por mais que eu tente, esse mundo em que estamos não tem como ser controlado por ninguém. Min-ho tem o poder, e ele vai continuar fazendo o que quiser até que alguém o detenha de uma vez por todas. Eu só espero que, quando tudo isso acabar, você entenda que fiz o que pude para evitar que isso chegasse até você.
Seo-jun.”
Hana ficou parada por um longo momento, a carta em suas mãos, tentando processar as palavras que acabara de ler. As informações batiam forte em sua mente, mas o mais difícil de digerir era o peso das palavras finais. Ele não só estava envolvido mais profundamente do que ela imaginava, mas também tinha uma relação muito mais pessoal com seu pai. Seo-jun estava tentando ajudá-la, sim, mas ele também tinha seus próprios fantasmas e suas próprias motivações, e isso a deixava completamente perdida.
A confusão tomou conta de seu coração. Seo-jun, o primeiro amor de sua vida, aquele que ela jamais teve coragem de confessar os sentimentos que nutria por ele, agora estava enredado em uma trama muito maior, mais perigosa do que ela poderia imaginar. E agora? Como ela poderia confiar nele, depois de tudo o que havia acontecido?
Ela se deitou na cama, os olhos lacrimejando, mas sem coragem de chorar. Era como se uma parte dela quisesse acreditar que ele estava certo, que ele ainda poderia ser o homem que ela conhecia na faculdade, alguém digno de confiança.
Mas outra parte de seu ser sentia uma raiva crescente, uma sensação de traição profunda, como se ela estivesse sendo puxada para um abismo do qual não conseguiria escapar.
Seojun sempre esteve lá, na sombra da sua vida. Ela se lembrava de como ele a observava na faculdade, como ele sempre foi gentil, como ele parecia entender suas inseguranças sem que ela precisasse dizer uma palavra. Mas agora ela se perguntava: ele realmente a entendia? Ou estava apenas agindo de acordo com as necessidades de um mundo que ela sequer conhecia?
Ela girou na cama, o rosto afundando no travesseiro, tentando controlar as emoções que ameaçavam transbordar. O medo, a dor, a raiva... tudo misturado. Como ela poderia acreditar em alguém que estava tão envolvido em uma rede de manipulação, chantagem e crimes? E, ainda assim, não podia deixar de se lembrar do quanto ele parecia estar genuinamente preocupado com ela. Será que ele estava realmente tentando protegê-la? Ou será que ele estava apenas tentando controlar a situação da maneira dele?
Hana sentia o coração em pedaços. Seu pai... Min-ho... Seo-jun... tudo isso parecia um pesadelo sem fim, onde ela não sabia em quem confiar. O que ela deveria fazer agora? Como poderia sair dessa teia de mentiras e manipulações? A cada momento, ela se via mais e mais distante de tudo o que conhecia, e o medo de perder sua própria identidade a consumia.
Ela sabia que a decisão que tomasse a partir daqui mudaria tudo. A dúvida estava corroendo sua alma, mas ao mesmo tempo, uma parte dela queria acreditar que, no fundo, Seo-jun ainda a amava, ainda era aquele garoto que a protegia. Mas em quem ela poderia confiar agora, se não em si mesma?
Sua mente estava à deriva, perdida entre a dor de um passado não resolvido e a sombra de um futuro que se aproximava rapidamente. Só o tempo diria em que direção ela seguiria.
E Agora Hana?
O ar frio e o silêncio do hospital parecem sufocar Hana enquanto ela caminha pelo corredor, ainda fraca, sentindo uma estranha combinação de alívio e ansiedade. Do lado de fora, ao atravessar as portas, o mundo lhe parece vasto e hostil, um espaço sem nenhuma certeza. As paredes seguras e frias do hospital haviam lhe dado uma sensação breve de proteção, mas agora ela estava novamente vulnerável.
Enquanto ela tenta se recompor, Seo-jun aparece, esperando por ela à entrada, seu olhar carregado de preocupação e determinação. Sem dizer nada a princípio, ele se aproxima e coloca um casaco sobre os ombros dela. Ele hesita, tentando medir o que ela sente, mas depois decide falar.
— Hana — ele começa, sua voz firme mas com um toque suave de preocupação —, eu sei que há muita coisa acontecendo, e sei que você pode não confiar completamente em mim agora... mas eu só quero ajudar. Venha comigo. Você precisa de um lugar seguro, longe de tudo isso. Posso te proteger.
Hana o observa, em silêncio, e seus olhos revelam um mar de emoções conflitantes. O coração dela se aperta com a proximidade dele, com o calor reconfortante do casaco dele sobre seus ombros. Parte dela quer ceder e aceitar, quer acreditar que ele realmente a protegeria, mas outra parte está tomada pelo medo e pela dúvida.
Ela lembra de todos os segredos, de todas as revelações e do peso da história que ele confessou. Pensamentos de traição, de alianças perigosas, e da constante sensação de ser manipulada a sufocam. Mesmo que Seo-jun pareça sincero, a confiança é um luxo que ela não pode se permitir.
Com um suspiro, dá um passo para trás.
— Seo-jun, eu... não posso. Não agora. Eu não sei o que pensar de tudo isso... de você. Eu preciso de um tempo... e de espaço — sua voz está trêmula, mas firme, enquanto ela se esforça para manter a determinação no olhar.
Seo-jun tenta ocultar a decepção, mas algo em seus olhos o entrega. Ele dá um leve aceno de cabeça, respeitando a decisão dela, embora pareça estar lutando internamente.
— Eu entendo, Hana — diz ele finalmente, sua voz baixa e cheia de pesar. — Mas se precisar de mim, sabe onde me encontrar.
Ele observa enquanto Hana começa a se afastar, sozinha e decidida, tentando reunir forças para enfrentar essa nova realidade. Porém, ao vê-la caminhar para longe, ele sente uma crescente inquietação. A cidade está cheia de perigos, e ele não pode simplesmente deixá-la seguir sem apoio, não depois de tudo que enfrentaram.
Hana anda pelas ruas, envolta por um sentimento de vazio e desamparo. As ruas parecem estranhas e opressivas, e, a cada esquina, sente-se observada. Pessoas passam por ela sem notar sua presença, indiferentes ao seu desespero silencioso. A solidão a cerca como uma sombra, enquanto ela luta para entender onde poderia ir e quem realmente estaria ao seu lado.
Atrás dela, Seo-jun mantém uma distância segura, movendo-se com a habilidade de um protetor em alerta. Ele observa cada passo dela, seu olhar atento, mas escondido nas sombras. Ele está ali, pronto para intervir caso algo aconteça, mas respeitando a decisão dela de seguir sozinha... pelo menos por enquanto.
Hana sente uma tensão crescente, uma mistura de medo e exaustão. Em determinado momento, ela para em um pequeno parque, sentando-se em um banco sob a luz fraca de um poste. A tristeza e o cansaço finalmente a alcançam, e ela abaixa a cabeça, tentando reprimir as lágrimas. Seu mundo desmoronou tão rapidamente, e agora ela está sozinha, sem casa, sem apoio e com o peso de segredos que ainda tenta entender.
Seo-jun, de onde está, vê a fragilidade dela e sente o impulso de se aproximar, de confortá-la, mas ele hesita, respeitando o desejo dela de independência, mesmo que isso o incomode. Ele sabe que Hana precisa se sentir forte, mas a sensação de que ela está em perigo imediato o faz manter-se atento, preparado para agir ao menor sinal de ameaça.
Enquanto sentada no banco, Hana sente que a realidade está caindo sobre ela. O rosto de Seo-jun surge em sua mente, e ela se pergunta se fez a escolha certa ao recusá-lo. Ela questiona se a ajuda dele era sincera ou se havia algo mais. Seria ele apenas mais uma peça em um jogo que ela não consegue entender?
Seu coração se aperta ao lembrar dos momentos que passou com ele, do tempo em que acreditava que ele era apenas uma memória de um amor não correspondido, algo inocente e puro. Agora, tudo é confuso. Ele a entende, a protege, mas também carrega segredos e mistérios que ela teme jamais poder desvendar completamente. Ela não sabe se é ele quem oferece segurança ou mais perigo.
Os sentimentos se misturam, e ela sente uma onda de arrependimento e desespero ao pensar que talvez devesse ter aceitado a ajuda dele. Talvez estivesse apenas complicando ainda mais sua situação.
Após algum tempo, Hana se levanta, decidida a continuar. Não importa o quanto seja difícil, ela sabe que deve encontrar uma maneira de sobreviver. Talvez ela precise buscar algum lugar temporário, ou tentar se afastar de tudo, mas a dúvida persiste, corroendo-a lentamente.
Seo-jun a segue à distância, compreendendo o conflito interno dela e percebendo que, talvez, dar-lhe tempo e espaço seja a única forma de realmente protegê-la, permitindo que ela mesma decida a quem confiar. No entanto, ele está determinado a não deixá-la enfrentar tudo isso sozinha, mesmo que precise fazer isso das sombras.
Perseguida..
Hana caminha pelas ruas, tentando ignorar o crescente pressentimento de que está sendo observada. As sombras parecem mais densas, e cada som ecoa com uma intensidade ameaçadora em sua mente já desgastada. A sensação de estar sendo seguida cresce a cada passo, criando uma paranoia que a faz olhar por cima do ombro, cada vez mais assustada.
Para ela, o mundo externo é agora um cenário de ameaças, de pessoas desconhecidas que podem estar a serviço de Min-ho. Ela tenta seguir em frente, mas cada esquina, cada rua que toma, parece não levar a lugar algum seguro. Ao invés disso, leva-a para mais longe de qualquer coisa familiar.
Seo-jun, a poucos metros atrás, observa os movimentos dela. Ele nota a inquietação de Hana, o modo como ela anda rapidamente, como se tentasse fugir de algo invisível. Por um instante, ele questiona se realmente deve interferir. Ele sabe que ela precisa tomar suas próprias decisões, e ao mesmo tempo sente que a vida dela está em risco. A luta interna é evidente; ele deseja desesperadamente proteger Hana, mas não quer ser mais uma presença a causar desconforto.
No entanto, quando vê o estado de ansiedade e paranoia que toma conta dela, Seo-jun sente que não pode mais ignorar. Ele decide segui-la mais de perto, em silêncio, ficando oculto nas sombras.
Hana dobra uma esquina e se depara com um beco sem saída. Ao tentar retornar, percebe que uma figura sombria bloqueia sua passagem. O coração dela bate acelerado, e a sensação de perigo é imediata. O homem que está à sua frente tem uma postura ameaçadora, o olhar fixo e cruel.
— Achei que a princesinha tinha fugido sem deixar rastro — ele diz, com um tom de sarcasmo que gela a espinha de Hana.
Ela recua instintivamente, o corpo tremendo. Seu primeiro impulso é gritar por ajuda, mas ela sabe que não há ninguém ali para ouvi-la. O medo começa a paralisá-la, e todas as escolhas que ela imaginou ter desaparecem nesse momento.
— Não se preocupe, tenho um recado para você — o homem continua, avançando devagar. — Min-ho manda lembranças. Ele disse que você deveria ter ficado ao seu lado, onde ele pode te “proteger”.
As palavras dele são carregadas de uma ameaça velada, e Hana sente o peso da manipulação de Min-ho sobre ela, mesmo que ele não esteja presente. No instante em que ela está prestes a desistir, uma figura surge na entrada do beco, e ela reconhece imediatamente o olhar decidido de Seo-jun.
— Já deu por hoje — diz Seo-jun, com uma firmeza que carrega mais do que apenas uma ameaça. Seus olhos encontram os de Hana, cheios de intensidade, e por um momento, a segurança que ele transmite é quase suficiente para fazer com que ela relaxe.
O homem hesita, percebendo que está diante de alguém que ele não consegue intimidar. Há um momento de silêncio tenso, mas, ao perceber o risco, ele se afasta, desaparecendo no labirinto de ruas escuras. O perigo imediato parece ter passado, mas a tensão no ar permanece.
Hana continua no beco, o corpo ainda tremendo, tentando processar o que acabou de acontecer. O perigo passou, mas a tensão em seu peito não diminui. Ela encara Seo-jun com uma mistura de medo, alívio e uma ponta de ressentimento, sem saber ao certo como se sentir em relação a ele. Ele salvou sua vida, mas isso não apaga as incertezas e feridas do passado.
Seo-jun percebe a turbulência no rosto dela e permanece a alguns passos de distância, observando cada expressão que surge nos olhos de Hana. Ele entende a confusão dela e a necessidade de espaço, mas, ao mesmo tempo, sente um desejo desesperado de explicar, de justificar suas ações.
— Hana — ele começa, a voz baixa, mas firme —, eu sei que não tenho o direito de pedir que você confie em mim. Eu sei que você passou por muita coisa... por minha causa, talvez mais do que por causa de Min-ho.
— Ele hesita, tentando escolher as palavras com cuidado, cada uma carregada de arrependimento e angústia. — Mas eu precisava proteger você. Eu precisei me afastar, guardar segredos, porque... algumas verdades são perigosas demais.
Hana sente seu peito apertar, a voz dele soando como um eco de algo que ela já ouviu antes — promessas quebradas, segredos, sempre palavras que a deixaram à deriva.
— Proteger? — ela repete, a voz embargada. — Como pode dizer isso quando tudo o que fez foi... sem conseguir terminar. — E agora você aparece, como se soubesse o que é melhor para mim. — Ela aperta os punhos, tentando conter as lágrimas. — Eu confiei em você uma vez, e o que eu ganhei com isso?
Seo-jun desvia o olhar por um momento, sentindo o peso das palavras dela como um golpe. Ele engole em seco, o peito apertado. Mas havia algo que ele precisava dizer, mesmo sabendo que poderia não ser o suficiente.
— Eu não queria que fosse assim. Mas... — ele a encara, os olhos sombrios —, se você soubesse o que vi, o que passei para manter você a salvo, talvez entenderia. Mas eu sei que não posso forçar isso.
Ele dá um passo em direção a ela, hesitante, como se não soubesse se deveria se aproximar. Cada movimento parece uma batalha, um conflito entre a necessidade de protegê-la e a obrigação de respeitar o espaço dela.
— Eu pensei que afastando você, estaria fazendo o certo. Mas a verdade é que... — ele hesita, como se o peso da próxima frase fosse grande demais —, talvez eu tenha falhado. Talvez tenha arriscado demais. E ainda assim, não consigo ficar longe. Mesmo que você me odeie, Hana, mesmo que você nunca mais confie em mim, eu vou estar aqui. Nem que seja só para garantir que você esteja segura, mesmo de longe.
O olhar de Hana vacila. Ela sente a sinceridade no que ele diz, mas as mágoas são profundas. Ela não sabe se pode suportar mais decepções, mais um ciclo de segredos e inseguranças. Seu coração, que antes pulava só com o pensamento de Seo-jun, agora carrega cicatrizes.
Por um longo momento, eles ficam em silêncio, encarando-se, as emoções pulsando entre os dois, mas sem saber se há um caminho para preencher a distância que os separa.
Finalmente, Hana dá um passo para trás, mantendo a distância entre eles. Sua voz é um sussurro:
— Eu... não sei se posso te perdoar, Seo-jun. Não agora. Eu preciso entender tudo isso sozinha.
Seo-jun apenas acena, com um olhar de compreensão mista com dor. Ele sabe que forçar sua presença só a afastaria ainda mais. Então, antes de ir, ele coloca uma nota dobrada no banco de madeira ao lado dela.
— Leia quando se sentir pronta. Não é uma explicação completa... mas é o mais perto que posso chegar de ser honesto com você.
Ele se afasta, desaparecendo nas sombras. Hana fica ali, olhando para a nota, o coração apertado, sem saber se deve ler ou deixar tudo para trás.
Mas, no fundo, ela sabe que o único jeito de enfrentar seus medos é aceitar a verdade — e talvez, ao final disso tudo, ela possa decidir se deve ou não confiar em Seo-jun outra vez.
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