A noite pairava pesada sobre a casa. Hana estava exausta, o corpo e a mente esgotados, mas ela sabia que o dia ainda não havia terminado, e seu coração batia em alerta. Ao cruzar o corredor da casa, percebeu o olhar de Min-ho, que estava recostado contra o batente da porta, os braços cruzados e um semblante que misturava desejo e domínio. Ela sentiu um calafrio percorrer sua espinha.Sem dizer nada, ele aproximou-se lentamente, conduzindo-a até o quarto com um toque firme nas costas. Hana tentou manter a postura relaxada, mas sentia o coração pulsando descontrolado. Min-ho fechou a porta com um clique suave, mas que para ela soou mais como o trinco de uma cela se fechando.
Ele sentou-se na beira da cama e fez um sinal para que ela se aproximasse. Hesitante, Hana caminhou até ele, mantendo os olhos baixos para não revelar o pânico que se formava dentro dela. Min-ho, com um movimento possessivo, pousou as mãos nas pernas dela, deslizando-as devagar, como se estivesse saboreando cada instante.
— Hana... você sabe que eu faria tudo por você, não sabe? — ele sussurrou, os dedos subindo por suas coxas, um toque que a fazia querer recuar, mas ela manteve-se imóvel, os músculos tensos. — Acho que está na hora de pensarmos em algo mais... duradouro.
Ela não sabia ao certo o que ele queria dizer até sentir o peso de suas palavras. Min-ho parou por um instante, estudando o rosto dela antes de continuar:
— Já faz tempo que penso nisso, Hana. Um filho. Um herdeiro nosso... alguém que torne nosso vínculo ainda mais forte — ele murmurou, inclinando-se para perto do rosto dela, a respiração quente contra sua pele.
O choque a atingiu como um soco. Ele queria um filho. E, ao olhar para ele, Hana percebeu que aquele desejo não era apenas um capricho. Min-ho queria amarrá-la de uma forma que fosse irreversível, prendê-la a ele por toda a vida, e a ideia disso a enchia de pavor.
Ela tentou esboçar uma resposta, dizer algo para desviar o assunto, mas as palavras se perderam. A mão dele deslizou por seu corpo com firmeza, um toque que não era carinhoso, mas sim uma marca de posse. Hana engoliu em seco, sabendo que não tinha para onde fugir. Mesmo enquanto ele se aproximava, sussurrando coisas sobre o futuro que ele imaginava para eles, o olhar dela se fixava na parede oposta, buscando se desconectar daquela realidade.
Por dentro, ela gritava. Era como se estivesse se afundando em areia movediça, e cada tentativa de escapar apenas a puxasse para mais fundo. Hana vinha tomando precauções para evitar uma gravidez, escondendo cuidadosamente qualquer vestígio de sua resistência. Mas ele, claro, não fazia ideia disso — e ela sabia que, se ele descobrisse, haveria consequências.
Min-ho percebeu a hesitação dela e agarrou seu rosto, virando-o para que ela o encarasse diretamente.
— Não vai dizer nada? — ele perguntou, a voz baixa, carregada de um misto de expectativa e ameaça.
— Min-ho... eu... só acho que não estamos prontos para isso — murmurou, a voz quase inaudível.
O sorriso dele se desfez, e o rosto endureceu. Hana viu os olhos dele estreitarem-se, como se estivesse avaliando cada palavra.
— Prontos? Estamos juntos há anos, Hana. Você é minha esposa, e essa é a ordem natural das coisas. Talvez você tenha se esquecido do que significa o compromisso que assumiu — ele respondeu, cada palavra pesando como uma pedra em cima dela.
Antes que pudesse protestar, ele a puxou para si, os dedos firmes agarrando seus ombros com uma força que tornava qualquer fuga impossível. Hana sentiu a respiração de Min-ho próxima, quente e pesada, contra sua pele. Ele exalava um perfume denso, uma fragrância que antes parecia familiar, mas que agora a sufocava, um lembrete constante de seu controle avassalador. Sua presença preenchia o quarto inteiro, cercando-a como uma sombra viva, sem dar espaço para que ela respirasse livremente.O coração de Hana batia descompassado, mas ela sabia que não poderia demonstrar qualquer fraqueza. Fechou os olhos, permitindo-se escapar para o único lugar seguro que ainda tinha: seu próprio interior. Em um esforço quase automático, sua mente fugiu para longe dali, para a lembrança suave e distante de Seo-jun. Ela se agarrou ao eco de sua voz calma e ao toque sutil de suas palavras, tão diferentes do que estava enfrentando agora. Lembrou-se de como ele a olhava, com preocupação e gentileza — qualidades que pareciam inacessíveis na presença de Min-ho. A memória daquele olhar era o único consolo que restava, um refúgio oculto onde ela podia respirar, mesmo que fosse só em pensamento.
E então, algo estranho aconteceu. Quando os lábios de Min-ho tocaram a pele de seu pescoço, algo que ela nunca havia sentido antes a invadiu. Era como se, de alguma forma, o toque de Min-ho se transformasse no toque de Seo-jun. A cada beijo, ela sentia os lábios de Seo-jun, suaves e seguros, contra os dela, mesmo que fosse apenas em sua mente. Era como um sonho em que as sensações se confundiam, como se, no fundo, ela estivesse se entregando ao toque de alguém que, ao contrário de Min-ho, a fazia sentir-se vista, respeitada e protegida. Nunca antes ela tivera essa sensação — nunca antes ela havia experimentado essa mistura de desespero e conforto ao mesmo tempo.
Min-ho continuava, imerso em sua própria satisfação, enquanto Hana oferecia apenas seu corpo, cada parte de si endurecida e distanciada. Ela não estava ali, e isso era tudo o que podia fazer para suportar o momento: se desconectar, se transformar em uma presença vazia, tão distante quanto as estrelas lá fora.Mas nos toques, nos beijos, nas mãos de Min-ho sobre sua pele, ela não conseguia se livrar da sensação de que, em algum lugar, Seo-jun estava com ela. Era uma memória de um toque gentil que contrastava com a brutalidade de Min-ho, uma sensação que ela temia e ao mesmo tempo desejava.
Quando finalmente tudo terminou, Min-ho se afastou, os movimentos satisfeitos e cheios de um egoísmo inconsciente.
Ele deitou-se ao lado dela, o corpo relaxado, uma expressão de autossatisfação em seu rosto. Com um gesto possessivo, passou o braço sobre ela, como se até mesmo em seu sono desejasse afirmar seu domínio. Hana permaneceu imóvel, o peso do braço dele como uma corrente a prendendo, sufocando qualquer traço de liberdade.
Lágrimas ardiam em seus olhos, mas ela conteve cada uma. Ela sabia que estava no limite da sanidade, mas tinha consciência de que demonstrar sua angústia seria como se render, abrir mão do último pedaço de si que ainda lhe restava. Seu único pensamento era sobreviver a mais uma noite. Mantinha seus próprios segredos escondidos, longe do alcance de Min-ho — segredos de sua dor, de sua resistência silenciosa e das pequenas fagulhas de esperança que, mesmo em meio à escuridão, ela se recusava a deixar apagar.
E na quietude da noite, enquanto o peso do corpo de Min-ho a pressionava, ela se permitiu um último suspiro, lembrando-se de Seo-jun, daquele toque imaginado que a fazia sentir-se, por um breve momento, menos sozinha.
Hana permaneceu acordada, encarando o teto. A escuridão no céu lá fora parecia refletir a que se espalhava dentro dela. A quietude da noite envolvia a casa como um manto, mas dentro de seu peito, o silêncio era pesado, esmagador. Ela sabia que não conseguiria suportar por muito mais tempo aquele ciclo de dor e submissão, mas, no fundo, algo dentro dela ainda se recusava a ceder completamente. A lembrança de Seo-jun, apesar de tênue, ainda estava lá — uma luz frágil em meio à escuridão. E ela se apegava a isso com todas as forças que restavam, como um náufrago que segura a última tábua de salvação.
Em um suspiro quase imperceptível, Hana fez uma promessa silenciosa a si mesma: um dia, encontraria uma forma de escapar daquele pesadelo. Ela não sabia como, nem quando, mas o desejo de liberdade ardia em seu peito, um fogo pequeno, mas persistente. Algo em seu interior se recusava a se apagar, mesmo diante da pressão esmagadora de Min-ho. Essa promessa foi a única coisa que manteve seus olhos secos naquela noite interminável.
Na manhã seguinte, a tensão ainda pairava sobre a casa como uma nuvem escura prestes a se romper. Hana se movia pela casa, seu corpo pesando mais a cada passo, como se o próprio ar estivesse impregnado de um desconforto palpável. Min-ho a observava de longe, com aqueles olhos penetrantes que pareciam examinar cada movimento, cada respiração sua. Ela sentia que ele estava prestes a falar algo, talvez para testar seus limites mais uma vez, para buscar alguma reação que ele pudesse usar contra ela.
Ele se aproximou lentamente, seus passos pesados no piso de madeira, como se a casa inteira tremesse com sua presença. Quando parou ao seu lado, a mão de Min-ho tocou seu rosto de maneira quase gentil, mas o toque era implacável, como se ele estivesse a forçando a entender quem tinha o controle. A suavidade de sua mão não disfarçava a rigidez da possessividade em cada movimento, como se estivesse marcando seu território.
Hana prendeu a respiração, uma sensação de pavor atravessando seu corpo. O desconforto aumentava a cada palavra, cada sílaba que saía de sua boca. Ela não sabia como reagir. Min-ho continuou a observá-la com um olhar impassível, mas seus olhos estavam carregados de uma expectativa que a fazia se sentir exposta, vulnerável.
— Como assim? — ela murmurou, tentando manter a voz estável, embora as palavras saíssem quase como um sussurro forçado. Ela sabia que qualquer coisa que dissesse poderia ser usada contra ela, então se concentrou em controlar a sua respiração, escondendo o turbilhão que se passava dentro de sua mente.
Ele inclinou a cabeça ligeiramente, estudando-a com uma intensidade desconcertante. Os dedos dele ainda estavam em seu rosto, mas agora com mais firmeza, como se estivesse tentando sondar sua reação. A cada segundo, o medo de ser descoberta aumentava. Min-ho nunca havia sido tão persuasivo, tão… ameaçadoramente suave.
— Eu percebi, Hana — ele continuou, quase como se estivesse conversando consigo mesmo, embora ela soubesse que cada palavra dele carregava um peso imenso. — Senti você se entregando mais… como se estivesse deixando de lutar. Como se a distância que colocava entre nós estivesse diminuindo. Você estava mais… disponível.
Ela sentiu uma onda de náusea percorrer seu estômago, e sua mente começou a se afastar de novo, como se quisesse escapar do momento. Mas, ao mesmo tempo, uma sensação estranha de ser observada, de estar sendo invadida, a consumia. Ela sabia que ele estava manipulando cada palavra, como um jogo psicológico em que ele sempre tinha as cartas certas na mão.
Min-ho a observava com um sorriso que não chegava aos olhos. Ele estava testando os limites dela, esperando que ela revelasse alguma fraqueza. Mas Hana manteve a expressão impassível, forçando-se a manter o controle.
— Não sei do que você está falando — ela respondeu, a voz mais firme do que se sentia. Estava mentindo, mas isso era o único modo de preservar o que ainda restava de si mesma. Ela sentia a cada palavra que ele dizia, que ele estava mais perto de perceber sua resistência. Mais perto de perceber que, por mais que ele tentasse, havia algo em seu interior que se recusava a se render.
Min-ho não respondeu imediatamente. Ele a observou por um longo momento, os olhos fixos nela, como se estivesse tentando decifrar cada expressão, cada movimento. O silêncio que se seguiu parecia infinitamente longo, como se ele estivesse esperando alguma reação dela. Mas Hana permaneceu em silêncio, seu coração batendo forte contra seu peito.
Finalmente, ele retirou a mão de seu rosto, mas o olhar que ela encontrou nos olhos dele era ainda mais penetrante, mais intimidador. Hana sabia que não havia acabado. Ele não desistiria tão facilmente. Ela sentia, com uma certeza dolorosa, que Min-ho estava preparando o terreno para algo ainda mais insuportável. Ela se afastou, sem uma palavra, tentando manter a compostura.
Mas algo dentro dela se mexeu, mais uma vez. Uma sensação de luta silenciosa, uma chama tênue de esperança que continuava a arder, mesmo que fosse apenas em sua alma.
Ela não sabia o que o futuro lhe reservaria, mas algo dentro dela gritava que não estava mais disposta a ser prisioneira para sempre.
Min-ho segurando sua mão, com a voz firme e seria — Hana, quero que venha comigo ao médico hoje para garantirmos que está tudo bem… e que estamos prontos para dar esse próximo passo.
O coração de Hana disparou com a sugestão de Min-ho da noite passada. Aquelas palavras soaram como um peso insuportável, uma sentença que ela temia mais do que qualquer outra coisa. Ele não sabia, mas ela vinha tomando cuidados discretos, cuidadosamente escondendo qualquer vestígio de resistência para evitar uma gravidez. A ideia de trazer uma criança para aquele relacionamento, de vê-la crescer sob a sombra controladora e sufocante de Min-ho, era aterrorizante. Ela mal conseguia imaginar o que seria, uma vida em que ele estivesse ainda mais preso a ela, onde ela não teria nem um instante de paz.
Hana desviou o olhar, sentindo o pânico crescer dentro dela. O que poderia dizer? Como explicar o medo que apertava seu peito sem entregar tudo o que ela tentava esconder?
— Claro… — murmura, tentando manter a calma, mas sua voz trêmula trai a ansiedade que a consumia por dentro. Cada palavra era uma mentira, mas ela não via outra forma de reagir. Dentro dela, o medo e o desespero se entrelaçavam, formando uma teia sufocante, como uma armadilha da qual ela sabia que não conseguiria escapar sozinha.
Mais tarde, enquanto se preparavam para sair, Min-ho fez uma ligação, organizando detalhes para garantir que tudo corresse como ele planejava. Quando ele terminou, ela percebeu que a pessoa designada para escoltá-los ao consultório era o segurança dela — o mesmo que trabalhava para Seo-jun. Quando ele apareceu na porta, sua presença teve o efeito imediato de trazer uma onda de alívio a Hana, embora ela tentasse disfarçar qualquer sinal de emoção. Qualquer coisa que a denunciasse, qualquer olhar que entregasse o que ela sentia, seria perigoso demais.
Durante o trajeto até o consultório, Hana permaneceu em silêncio, sentindo a tensão se espalhar entre os dois homens. Cada troca de olhar entre Min-ho e o segurança parecia carregar uma mensagem oculta, uma comunicação silenciosa que ela não compreendia completamente, mas que a fazia se sentir cada vez mais incomodada. O calor do medo e da ansiedade ainda a dominava, mas ela se forçou a manter a compostura.
Ao chegarem ao consultório, algo inesperado aconteceu. Min-ho recebeu uma ligação urgente, e, de repente, a tensão no ar pareceu se intensificar ainda mais.
— Parece que vou precisar resolver algo no trabalho. — Ele disse, a voz firme e impessoal. Ele olhou diretamente para o segurança. — Fique com ela, não a perca de vista.
O segurança assentiu com respeito, mas havia algo no olhar dele, algo que parecia mais atento, mais vigilante do que o habitual. Hana sentiu um frio na espinha, mas, ao mesmo tempo, um pequeno alívio ao ver que Min-ho havia se afastado. Ela não sabia por quanto tempo o alívio duraria, mas, por um instante, estava sozinha com o segurança, longe da pressão constante do olhar possessivo de Min-ho.
Assim que ele saiu, um silêncio desconfortável tomou conta do ambiente, preenchendo cada canto da sala.Hana sentiu o peso desse silêncio. Era como se o tempo tivesse se estagnado, como se tudo ao seu redor estivesse em suspensão, esperando algo. Ela não ousava olhar diretamente para o segurança, mas sentia seus olhos sobre ela, pesando cada movimento seu.
Mas então, inesperadamente, a porta do consultório se abriu. Hana ergueu os olhos, surpresa. Não esperava ver quem apareceu a seguir. Seo-jun entrou na sala, seus passos suaves, mas firmes, como se ele estivesse completamente ciente da importância daquele momento. Quando seus olhos se encontraram, uma onda de alívio percorreu o corpo de Hana. Ela o observou atentamente, absorvendo cada palavra que ele estava prestes a dizer, como alguém que há muito ansiava por aquela conversa, como alguém que sabia que não podia mais continuar se escondendo na dor do silêncio.
— Hana… — Seo-jun começou, a voz baixa e carregada de uma intensidade contida que fazia seu coração bater mais rápido. Ele parecia diferente, mais sério, como se ele estivesse carregando algo pesado consigo. A maneira como ele olhou para ela foi ao mesmo tempo gentil e dolorosa, como se cada palavra que ele dissesse fosse cuidadosamente medida.
Hana sentiu uma mistura de alívio e desespero. Era como se, finalmente, depois de tanta escuridão, alguém tivesse entrado em sua vida para lhe oferecer um pouco de luz — ou talvez, ela pensava, fosse apenas uma ilusão de esperança. Ela sabia que aquela conversa era necessária, que havia chegado o momento de falarem sobre o que estava acontecendo, sobre tudo o que ela sentia e sobre o que eles poderiam fazer a partir dali. Mas o medo ainda estava presente, um peso no estômago que ela não sabia como lidar.
As palavras de Seo-jun ecoavam em sua mente, mas antes que ela pudesse respondê-lo, o médico entrou na sala, interrompendo o momento que ela temia e ao mesmo tempo ansiava. O profissional começou a preparar os exames de rotina, e a conversa que ela esperava com Seo-jun teve que esperar. Mas o impacto daquele encontro foi inegável. Algo dentro de Hana mudava ali, e ela sabia que, de alguma forma, as coisas não poderiam mais continuar como antes.
O médico saiu tão rapidamente quanto havia entrado, e o ambiente voltou a se encher de um silêncio tenso. Hana permaneceu ali, imóvel, sua mente agitada com o que havia acabado de acontecer. O encontro com Seo-jun parecia tão próximo e, ao mesmo tempo, tão distante. Ele ainda estava ali, mas o peso da presença do segurança e o olhar vigilante do homem que trabalhava para Min-ho a mantinham em alerta.
Seo-jun, como se sentisse a inquietação dela, olhou para o segurança e disse, com uma firmeza controlada:
— Eu a levarei daqui. Não há necessidade de relatar nada a ninguém. Eu mesmo vou conversar com Min-ho depois. — Sua voz era baixa, mas suas palavras carregavam uma autoridade silenciosa que fazia com que o segurança assentisse imediatamente, sem questionar.
Hana observou enquanto o segurança, com uma leve inclinação de cabeça, se afastava. Seus olhos se encontraram por um breve momento, mas foi o suficiente para ela perceber que ele estava atento a cada movimento.
Ela tentou disfarçar o turbilhão de emoções que invadiam seu peito. Min-ho não saberia, ao menos por enquanto. O alívio que sentiu ao ver Seo-jun se aproximar foi imediatamente substituído por um turbilhão de perguntas não respondidas.
Seo-jun se aproximou, seus passos silenciosos como sempre, mas sua presença parecia inconfundível. Ele se inclinou ligeiramente para falar com ela, sua voz suave, mas carregada de uma intensidade palpável.
— Vamos sair por trás, Hana. Ninguém vai saber que você esteve aqui comigo. — A suavidade com que ele disse isso contrastava com a dureza que ela sentia dentro de si. Ele não estava pedindo permissão; ele estava, de alguma forma, assumindo o controle da situação, e, por mais que ela soubesse que precisava se manter cautelosa, não podia evitar o alívio que surgia com cada palavra.
Ela assentiu, sem dizer nada, e os dois saíram do consultório. O caminho até o carro foi silencioso, mas ela sentia os olhos de Seo-jun sobre ela, sempre atentos, como se ele estivesse observando cada reação dela. O cheiro do carro, o som suave do motor ao ligar, tudo parecia mais claro, mais real, à medida que o carro se afastava do hospital e seguia em direção à sua casa.
Dentro do veículo, o silêncio entre os dois se estendeu, pesado, como se ambos estivessem esperando por algo — talvez uma resposta, talvez uma reação. Hana não sabia como começar. Cada palavra que ela planejava dizer parecia fugir, como se sua mente estivesse um passo atrás do que ela queria expressar.
Seo-jun finalmente quebrou o silêncio, sua voz tranquila, mas com um tom de urgência.
— Hana, você está bem? — Ele perguntou, os olhos fixos na estrada, mas sua atenção completamente voltada para ela. Ele parecia genuinamente preocupado, mas havia algo mais na forma como ele falava, algo que a fazia se sentir vulnerável, como se ele soubesse mais do que estava dizendo.
Hana engoliu em seco, a respiração ainda irregular. Ela não sabia o que responder, mas a verdade que estava apertada em seu peito a fez falar, mais do que ela gostaria.
— Estou tentando… — Sua voz era quase um sussurro, como se ela temesse que qualquer palavra dita pudesse quebrar a fragilidade daquele momento. Ela olhou para o lado, para o vidro do carro, tentando desviar seu olhar de Seo-jun. Não queria que ele visse a luta interna em seus olhos, não queria que ele soubesse o quão perto ela estava de perder o controle.
Seo-jun permaneceu em silêncio, os olhos fixos em Hana, observando cada reação sua enquanto o carro avançava lentamente em direção à mansão. O ambiente dentro do veículo parecia carregado de uma tensão palpável. Ele sabia que ela estava tentando processar tudo o que acontecera, todas as palavras não ditas, as emoções reprimidas. Mas, ao contrário de Min-ho, ele não forçaria uma resposta. Ele queria saber até onde ela estava disposta a ir, até onde ela era capaz de se entregar ao que estava acontecendo entre eles.— Você está me evitando, Hana. Mas, ao mesmo tempo, está tentando descobrir até onde as coisas podem chegar entre nós.
Ela engoliu em seco, o coração batendo rápido. As palavras dele a atingiram com um impacto inesperado. Havia algo no tom de Seo-jun, uma espécie de desafio que ela não podia ignorar. Ele estava certo. Ela estava tentando entender o que significava estar com ele, o que aquilo representava para ela, sem saber se poderia confiar naquilo, ou no que ele realmente queria.
Seo-jun continuou, seus olhos nunca deixando os dela.
— Eu sei que você tem medo. Mas eu também sei que, em algum lugar dentro de você, há algo mais. Algo que você ainda não está disposta a admitir. E esse algo, Hana, é o que você terá que descobrir. Não sou eu quem vai te dar todas as respostas.
Hana sentiu uma pressão em seu peito. A tensão entre eles era quase tangível. Ele não estava apenas falando sobre o que estava acontecendo naquele momento, mas sobre tudo o que ela sentia e não conseguia expressar. O medo, a insegurança, a dúvida. Ela sentiu o ar pesado em seus pulmões, sua mente agitada com tudo o que não conseguia dizer, com o quanto ainda estava perdida em sua própria história.
O carro parou em frente à mansão. O som do motor desligando parecia ser o único som que cortava o silêncio tenso que se formava entre eles. Hana estava imóvel, os dedos apertados nas pernas, o coração acelerado. Seo-jun permaneceu em silêncio por um momento, como se estivesse aguardando que ela reagisse, ou talvez apenas observando o impacto de suas palavras nela.
Por fim, ela olhou para ele, e foi como se o mundo inteiro tivesse desacelerado por um instante. Seo-jun não disse mais nada. Ele não precisava. Seus olhos, tão profundos e enigmáticos, diziam tudo. Hana sabia que ele estava esperando por algo dela. Ela sentiu que, naquele momento, ela não poderia mais escapar da verdade que estava se formando dentro dela.
Ela olhou para ele, sem palavras, mas com uma clareza fria que ela não havia sentido antes. Ela não tinha mais medo de se mostrar vulnerável diante dele, mas também sabia que ele não poderia saber tudo. Ela precisava manter algo para si mesma, algo que ele ainda não entenderia.
Ela respirou fundo e, finalmente, falou, a voz firme, mas com um toque de desafio:
— Isso você terá que descobrir. — As palavras saíram como uma afirmação, como se, pela primeira vez, ela estivesse tomando controle de sua própria narrativa. Não mais escondendo, mas também não entregando tudo. Ela sabia que o que estava entre eles era complexo, mas ela não estava mais disposta a ser a única a carregar o peso da incerteza.
Seo-jun a observou em silêncio, o olhar fixo nela. Não havia raiva nem frustração em seus olhos, apenas uma compreensão silenciosa, como se ele soubesse que, de alguma forma, ela estava pronta para enfrentar a batalha interna que tinha começado.
Eles ficaram ali, na frente da mansão, em um silêncio denso, mas carregado de um entendimento mútuo que transcendeu as palavras.
A decisão de Hana estava feita, e, por mais que ela sentisse o peso de sua escolha, havia algo de libertador nela. Ela não estava mais se deixando definir pelo que Min-ho desejava, ou pelas expectativas de outros. Ela estava começando a se entender, a descobrir quem ela realmente era, e Seo-jun, de alguma forma, estava começando a fazer parte dessa descoberta.
O carro permaneceu parado por um momento, enquanto os dois se enfrentavam, os olhos trocando um último olhar carregado de significado. E, então, finalmente, o som das portas se abrindo interrompeu o silêncio. A noite estava apenas começando a revelar seus mistérios.
Seo-jun desceu do carro primeiro, a porta batendo com suavidade enquanto ele se virava para Hana, aguardando que ela o seguisse. Hana ficou por um momento dentro do veículo, sentindo o peso da decisão sobre seus ombros. Cada respiração parecia ecoar em seu peito, e o silêncio parecia um fardo. Ela sabia que estava à beira de algo grande, algo que não poderia mais ignorar. Mas o que era esse algo? Ela não sabia. E a verdade, talvez, fosse essa: ela ainda estava tentando descobrir quem ela era, o que ela queria.
Ela finalmente saiu do carro e, com um movimento hesitante, se aproximou de Seo-jun. Ele não disse nada, mas o olhar que lhe lançou foi carregado de algo que Hana não conseguia decifrar completamente. Era como se ele estivesse ali, esperando que ela encontrasse sua própria força, como se ele já soubesse que ela era capaz de muito mais do que pensava.
À medida que caminharam em direção à entrada da mansão, a tensão entre eles continuava a crescer, mas, ao mesmo tempo, algo novo parecia surgir. Hana sentia um desconforto crescente, mas também uma sensação de desafio, algo em seu interior começando a se soltar. Ela não sabia como lidar com aquilo, com a sensação de estar sendo observada, de ser parte de um jogo cujas regras ela não compreendia completamente. Mas, ao olhar para Seo-jun, havia algo em seu olhar que a fazia sentir-se menos sozinha.
A porta da mansão se abriu, e eles entraram. O ar dentro da casa era denso, carregado com o cheiro familiar do ambiente, mas a tensão não se dissipava. Min-ho não estava à vista, e isso fez Hana relaxar, pelo menos por um momento. Ela sabia que ele poderia aparecer a qualquer momento, mas, naquele instante, estava sozinha com Seo-jun.
Ela olhou para ele, a pergunta não dita pairando entre eles, enquanto ele observava cada movimento dela. O silêncio entre os dois parecia mais pesado do que qualquer palavra que eles pudessem trocar. Seo-jun caminhou até o centro da sala e virou-se para ela, com os olhos fixos nos dela, mas com um tom de voz que parecia deliberadamente suave, mas firme.
— Você sabe o que precisa fazer, não sabe? — ele perguntou, a voz carregada de significado, como se as palavras não fossem apenas uma questão de escolha, mas de necessidade.
Hana sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ela não estava certa de que entendia completamente a questão, mas o tom de sua voz era inconfundível. Era um convite, mas também um teste. Ela sabia que, de algum modo, ele queria que ela tomasse uma decisão. Uma decisão sobre o que ela queria ser, sobre quem ela queria se tornar.
Ela respirou fundo, tentando controlar as emoções que ameaçavam tomar conta de seu corpo. Cada palavra que ele dizia parecia arrancar um pedaço da sua resistência, como se ele soubesse exatamente o que dizer para fazê-la refletir sobre tudo o que ela havia escondido de si mesma até aquele momento.
Ela não estava mais tentando fugir. Não estava mais se perguntando se poderia escapar. Porque a verdade, no fundo, era que ela não sabia se conseguia. E a decisão estava sobre ela: continuar vivendo essa mentira ou confrontar a verdade.
Seo-jun deu um passo em sua direção, e Hana, por um momento, sentiu-se tomada por uma mistura de insegurança e atração. Ele parecia ler sua mente, entender as lutas internas dela, como se fosse capaz de decifrar tudo o que ela não sabia expressar.
— O que você realmente quer, Hana? — a pergunta dele foi baixa, quase um sussurro. Mas, apesar de sua suavidade, havia um poder inegável nela.
O coração de Hana disparou. Ela estava prestes a responder, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. O que ela queria? O que ela realmente queria? Era impossível explicar. Cada resposta parecia errada, cada escolha parecia insuportável.
Por fim, ela olhou para ele, a respiração curta, o medo e a raiva lutando dentro dela. Ela sabia o que ele queria, sabia que ele esperava que ela se entregasse a ele de uma maneira que não conseguia compreender. E isso a assustava, mas ao mesmo tempo a atraía de uma forma que ela não podia negar.
Ela finalmente falou, a voz baixa, mas carregada de uma determinação que ela não sabia que ainda tinha dentro de si:
— Isso você terá que descobrir.
Havia algo em suas palavras que parecia mais do que um simples desafio. Era uma promessa silenciosa, uma declaração de que, por mais que ela estivesse perdida, ela não estava mais disposta a se esconder. Ela não sabia o que viria a seguir, mas estava disposta a enfrentar a consequência de sua própria escolha.
Seo-jun a observou em silêncio, seus olhos sem revelar nada, mas o sorriso sutil que surgira nos cantos de seus lábios falava por si. Ele sabia que ela estava tomando a decisão de se confrontar com sua própria verdade, e, apesar de todo o mistério e a dúvida que ainda a cercavam, havia algo de admirável nisso.
Eles permaneceram em silêncio por mais um momento, o peso das palavras pendendo no ar entre eles. Algo estava prestes a mudar, e Hana não sabia o que seria. Mas sabia que, pela primeira vez em muito tempo, ela estava tomando as rédeas de sua própria vida.
Ainda na entrada da mansão, Hana hesitou por um instante, ainda sentindo o calor do casaco que Seo-jun ajeitara sobre seus ombros. Ambos pareciam saber que aquele breve instante longe dos olhares controladores de Min-ho era valioso demais para acabar tão cedo. Seo-jun então a encarou por um momento mais longo, e Hana, sem saber ao certo o que esperar, sentiu-se vulnerável, mas também estranhamente segura.
— Lembre-se — ele disse em voz baixa, quase como se não quisesse que ninguém mais ouvisse —, não importa o que aconteça, você não está sozinha. Vou estar por perto... sempre.
Antes que ela pudesse responder, o celular de Seo-jun vibrou em seu bolso. Ele checou a tela e, por uma fração de segundo, seu rosto se tornou sério. A mensagem era clara: Min-ho estava a caminho. Ele sabia que aquele era o momento de se despedir.
Seo-jun ergueu a mão e, em um gesto inesperadamente suave, afastou uma mecha de cabelo do rosto dela, seus dedos roçando sua pele com um cuidado que Hana não sentia há muito tempo. Ao se aproximar dela, estendeu uma pequena caixa, revelando um bolo simples, mas que Hana reconheceu imediatamente: o mesmo que costumava comprar na cafeteria próxima à faculdade. Era um pequeno gesto, mas carregado de uma lembrança preciosa, de um tempo em que sua vida era leve e cheia de possibilidades.Ela o olhou, surpresa, e o toque suave de gratidão em seus olhos pareceu ser a resposta silenciosa que Seo-jun esperava.
— Achei que poderia gostar de algo familiar — ele murmurou, quase em um sussurro.
Com um último olhar, ele se afastou, mas não antes de lhe dirigir uma promessa em seu tom baixo e enigmático, que ainda a fazia estremecer.
— Hana... eu vou cuidar de você, mesmo que de longe.
E, com isso, ele deu as costas, desaparecendo na escuridão da noite, deixando apenas a promessa sutil no ar. O coração de Hana estava agitado, dividido entre o medo e um novo tipo de esperança. Ao olhar para a caixa em suas mãos, ela sentiu que, mesmo em meio à escuridão de sua vida, uma nova chama começava a se acender.
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