Perdida - Capítulo 5: A Fúria Silenciosa

Hana sentia o coração pulsar com força, batendo tão alto que era como se o som ecoasse por todo o terraço silencioso. O rosto estava encharcado, as gotas da chuva misturando-se às lágrimas que ela tentava em vão conter. A água escorria pelo seu pescoço, se misturando ao frio que penetrava suas roupas, mas o incômodo físico era insignificante comparado à tempestade que rugia dentro dela.

Ela deu um passo atrás, sentindo o vazio sob seus pés, e seus olhos se prenderam aos de Seo-jun, que estavam escuros, intensos, como se tentassem desvendar cada camada de dor e resistência que ela carregava. Ele era um sopro do passado, um vislumbre de quem ela poderia ter sido em um outro tempo, uma vida em que o medo não consumia cada escolha, cada passo.

No entanto, a realidade era implacável: Min-ho estava próximo, provavelmente observando. Sabia o que ele seria capaz de fazer se os visse ali, juntos, trocando olhares tão carregados. Uma única faísca dessa conexão era suficiente para alimentar a fúria de Min-ho. Ela não queria imaginar o que ele faria, o quanto ele destruiria para mantê-la sob controle.

— Seo-jun, vá embora, por favor. — As palavras escaparam em um sussurro abafado, roucas e frágeis. Ela precisava convencê-lo a deixá-la ali, sozinha, naquele tormento que, apesar de tudo, era seu. — Não se envolva nisso. Eu... Eu não quero te ver machucado.

Por um instante, ele hesitou, os olhos movendo-se pelo rosto dela como se procurassem as respostas que Hana não tinha coragem de dar. Seu olhar era profundo, intenso, carregado de sentimentos que ele mal conseguia conter. Ela percebeu o conflito em seus olhos — uma mistura de preocupação e de uma determinação que a fez estremecer. Ele queria protegê-la, mas ela sabia que aquela vontade, naquele momento, só aumentava o perigo para ambos.

— Hana… — começou Seo-jun, sua voz grave e pesada de emoção, mas antes que ele pudesse prosseguir, ela o interrompeu. Seus olhos imploravam, cada centímetro do seu rosto expressava uma urgência desesperada.

— Por favor Seo-Jun... eu não posso falar com você...é.. perigoso... — Hana balançou a cabeça lentamente, o medo estampado em sua expressão. Ela estava implorando para que ele entendesse, para que percebesse que, ao se aproximar, ele apenas acelerava a espiral de terror em que ela vivia.


E, como se fosse um presságio sombrio, a porta do terraço se abriu com força, o som da batida ecoando como um trovão abafado pela chuva. Min-ho surgiu ali, a presença dele cortando o ar como uma lâmina afiada. O olhar dele era carregado de uma raiva contida, uma raiva que não precisava de palavras para se tornar ameaçadora. Seus gestos eram meticulosamente calculados, frios, como se ele quisesse lembrar que o verdadeiro poder estava na força do controle, não no caos.

Min-ho observou Seo-jun de cima a baixo, avaliando-o com um desprezo silencioso. Seu sorriso era ameaçador, mas seus olhos, voltados a cada segundo para Hana, transmitiam um aviso mortal.

Ela sabia que ele não estava ali apenas para recuperar sua “propriedade”; ele estava ali para impor uma lição, para certificar-se de que seu domínio sobre ela não fosse questionado por ninguém.

Ele caminhou até Seo-jun, e em um tom baixo, quase um sussurro cortante, murmurou:

— Agradeço por cuidar da minha esposa, Seo-jun. — A voz dele era calma, mas carregada de ironia sombria. Seus olhos encontraram os de Seo-jun, frios e calculistas, desafiando-o a reagir. — Agora, se não se importa, nós precisamos resolver algumas coisas.

Seo-jun permaneceu imóvel, mas seu olhar não desviou de Hana. A intensidade nos olhos dele fez algo tremer dentro dela, despertando uma faísca de coragem que ela não sabia que ainda existia. Ela balançou a cabeça em um gesto quase imperceptível, tentando transmitir que ele não deveria se arriscar por ela. Mas ao mesmo tempo, sentia-se dividida: ansiava por proteção, mas sabia que qualquer interferência de Seo-jun só tornaria as coisas mais perigosas.

— Vamos, Hana. — A voz de Min-ho era firme, como se não houvesse outra opção além da obediência. Ele a segurou pelo braço com força, a mão dele pesada e implacável em torno dela. Seu toque não era apenas uma ordem; era uma sentença, um lembrete de que ela estava sob seu poder absoluto.

Enquanto ele a guiava para fora do terraço, Hana lançou um último olhar para Seo-jun. Era um olhar carregado de despedida, mas também de desespero. Ela não queria deixá-lo ali, não queria ver o medo e a impotência em seu rosto, mas sabia que essa era a única maneira de mantê-lo a salvo. Ela sabia que, ao ceder ao toque de Min-ho, estava selando o próprio destino.

Assim que desceram para o térreo, Hana sentiu que algo dentro dela estava sendo esmagado.

Assim que Hana e Min-ho chegaram ao térreo, ela seguiu seus passos em silêncio, com as roupas molhadas grudadas ao corpo e os nervos à flor da pele. A umidade gelada da chuva parecia penetrar até seus ossos, enquanto uma exaustão se espalhava por seu corpo. Ela olhou ao redor com pressentimento, como se a escuridão ao redor escondesse a promessa de mais dor. Ele a conduziu até o carro de luxo que aguardava na entrada, sua mão firme em seu ombro. Hana sentia-se pequena e vulnerável, como uma marionete sendo manobrada, cada movimento calculado por ele.

Quando o carro começou a se mover, o interior abafado e silencioso parecia tão opressivo quanto a presença de Min-ho. Ele não falou de imediato, mas o silêncio entre eles era quase ensurdecedor. Hana podia sentir a tensão latente, como uma corrente elétrica prestes a desencadear uma tempestade. Finalmente, ele se virou para ela, os olhos penetrantes, um misto de desdém e desprezo estampado no rosto.

— Vai me explicar agora por que estava no último andar do prédio da empresa? — Sua voz era calma, mas o tom de ameaça estava claro, escondido sob uma calma perigosa. O sorriso irônico em seus lábios deixava claro que ele já havia tirado suas próprias conclusões. Aquela era uma armadilha, uma daquelas perguntas que não aceitavam respostas, pois ele já sabia o que queria ouvir.

Hana tentou segurar o tremor em suas mãos, buscando palavras que pudessem aplacá-lo. — Eu... eu só queria um pouco de ar. Pensei que o terraço fosse um lugar calmo, onde eu pudesse pensar em paz. Sinto muito se isso te preocupou.

Min-ho soltou uma risada baixa, balançando a cabeça com sarcasmo. — Ar? Paz? — Ele a olhou de cima a baixo com desdém. — Você realmente acha que eu sou idiota, Hana? Sei muito bem o que você está tentando fazer.

Ela abaixou o olhar, sentindo-se exposta, com cada palavra dele penetrando como facas afiadas. A dor da humilhação era intensa, mas ela sabia que manter a calma era sua única chance. Tentou controlar a expressão, mantendo-a neutra, mas por dentro, seu coração se acelerava com o medo e o ódio que reprimia.

— Agora entendo o quanto foi sensato contratar uma empresa para monitorar você. — A voz dele estava repleta de um tom ameaçador, cada palavra pingando com sarcasmo. — Não posso permitir que minha esposa faça algo tolo, não é? Afinal, você pertence a mim.

As palavras foram como um golpe. Ele a olhava como se ela fosse um objeto, um bem que ele guardava em uma vitrine. Para Min-ho, “pertencer” significava posse, domínio absoluto, e a intensidade do controle que ele exercia apenas alimentava o desespero silencioso dentro dela. Hana cerrou os punhos, os dedos finos cravando-se na palma das mãos, como se a dor física pudesse desviar o peso da realidade.

O carro avançava em alta velocidade, a paisagem borrada pelas gotas de chuva nas janelas. Ela desviou o olhar para a cidade lá fora, as luzes passando como pequenos flashes de liberdade. A imagem de Seo-jun apareceu em sua mente, sua figura firme e reconfortante. A lembrança dele era uma trégua, uma fagulha de esperança no meio da escuridão sufocante. Mas, ao mesmo tempo, a ideia de que Seo-jun pudesse estar em perigo por causa dela a fazia sentir-se ainda mais aprisionada.

Min-ho finalmente quebrou o silêncio de novo, com uma indiferença que cortava. — Amanhã cedo, você receberá um telefonema da empresa de Seo-jun. Eles vão explicar as diretrizes de segurança e o protocolo. Não tente complicar as coisas, Hana. É para o seu bem.

A mente de Hana girava, mas ela manteve a expressão fria. Cada palavra dele era um lembrete de que não havia saída fácil, e a menção de Seo-jun naquele contexto a fazia sentir-se esmagada entre o desejo de libertação e o medo de colocá-lo em perigo. Ela engoliu em seco, o gosto amargo da impotência misturando-se ao medo.

— Que empresa de segurança é essa... que você contratou? — Hana sussurrou, reunindo coragem para questioná-lo. — Não entendo por que você acha que eu preciso disso.

Min-ho ergueu uma sobrancelha, um esboço de sorriso amargo se formando. — Hana, você é tão ingênua às vezes... Eu não esperava que entendesse. Mas já que insiste em saber, é uma garantia. Uma forma de manter tudo em ordem. Nossa vida em ordem. Porque eu não confio em ninguém para cuidar de você tão bem quanto eu.

O tom dele era calmo, mas a tensão por trás de cada palavra pulsava com arrogância e certeza absoluta. Hana sentiu um frio gelado percorrer sua espinha, como se estivesse ouvindo sua sentença de prisão. 

Ele havia pensado em tudo, planejado cada detalhe, e ela era apenas uma peça em seu esquema.

— E aquele homem… — Ela mal conseguiu murmurar, sentindo-se mais fraca com cada palavra. — Quem era ele?

Min-ho soltou uma risada fria, como se apreciasse o desconforto estampado no rosto dela.

— Ah, o homem no terraço. Seo-jun. Dono da empresa de segurança que eu contratei. Pelo menos ele mostrou que está disposto a ir até as últimas consequências para garantir que você esteja bem. Ele é competente e entende a importância da proteção que exijo para você.

Hana sentiu uma onda de náusea. Para Min-ho, Seo-jun era apenas uma ferramenta, uma peça a ser usada para consolidar seu controle sobre ela. Min-ho não fazia ideia do vínculo que ela e Seo-jun compartilhavam, da carga de emoções que cada olhar trocado no terraço carregava. A palavra "proteção" soava amarga nos lábios dele, como se o significado tivesse sido distorcido, transformado em opressão.

Min-ho continuou, como se pressentisse seus pensamentos.

— É importante para mim que você tenha alguém de confiança ao seu lado. — Ele disse, seu olhar se intensificando. — Alguém que esteja disposto a obedecer a todas as instruções. Eu soube que ele já teve contato com você uma vez, quando chegou ao prédio. E tenha certeza, ele vai seguir as minhas ordens, Hana. Vai garantir que você não se desvie do caminho que tracei para você.

Cada palavra era um golpe, um lembrete brutal de que ela estava aprisionada, sem chance de fuga. Sentindo-se encurralada, Hana desviou o olhar para a janela, tentando disfarçar o pânico que subia por sua garganta. O mundo dela estava se fechando ao redor dela, com Min-ho em uma ponta e Seo-jun, agora controlado por ele, na outra. O caminho de volta para casa parecia interminável, como se o destino a puxasse para uma cela invisível, onde toda esperança era sufocada antes de florescer.

Ao chegarem, Min-ho desceu do carro e abriu a porta para ela, estendendo a mão com um sorriso que, aos olhos de qualquer um, poderia parecer gentil, mas para Hana, era apenas outra lembrança do domínio absoluto que ele exercia. Dentro de casa, cada passo que ela dava soava como um eco sombrio, reverberando pela escuridão, anunciando a volta ao confinamento.

Min-ho a guiou até o quarto, fechando a porta atrás dela com firmeza. Ela estava exausta, o corpo trêmulo, as emoções à flor da pele. Assim que ele se afastou, Hana desmoronou no canto do quarto, as lágrimas escorrendo silenciosas. O peso de sua prisão emocional, sua impotência, a sensação de que Seo-jun estava perigosamente próximo e, ao mesmo tempo, distante como um sonho, fazia seu peito doer.

Enquanto o silêncio da casa se aprofundava, a pergunta ecoava em sua mente: quanto tempo ela conseguiria suportar aquela prisão, e até onde Seo-jun estaria disposto a ir? Isso, ela mesma teria que descobrir, como ele uma vez dissera.


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