Capítulo 3: Olhares e Suspeitas


O sol já está se pondo, tingindo o céu de tons alaranjados e roxos. So-yeon e Ji-hoon estão em um parque, cercados pela natureza, mas a atmosfera é tensa. O som do vento balançando as folhas e o canto dos pássaros contrastam com a incerteza que permeia entre eles. So-yeon está sentada em um banco, olhando para o chão, enquanto Ji-hoon a observa de pé, preocupado.

Ji-hoon (se aproximando lentamente)
"Você não tem que se sentir assim, So-yeon. Eu… eu só quero entender."

So-yeon (ainda olhando para baixo, suas mãos tremem levemente)
"Entender o quê, Ji-hoon? A dor que carrego? Você não tem ideia do que aconteceu comigo."

Ji-hoon (sentando-se ao seu lado, com a voz calma)
"Você está certa, eu não sei. Mas isso não significa que eu não queira saber. Me deixe ajudar."

So-yeon (levanta a cabeça, a raiva e a tristeza em seus olhos)
"Você acha que pode me ajudar? Não é tão simples assim! As pessoas não mudam. Elas só se tornam melhores em esconder quem realmente são."

Ji-hoon (um brilho de dor em seu olhar)
"Então você está me dizendo que eu sou como os outros? Que não sou digno da sua confiança?"

So-yeon (se afastando um pouco)
"Eu não sei quem você realmente é, Ji-hoon. Não depois da noite passada. E a verdade é que eu também tenho segredos."

O silêncio paira entre eles, e a tensão se torna palpável. So-yeon sente a necessidade de se abrir, mas o medo a impede.

Ji-hoon (respirando fundo, tentando manter a calma)
"Eu também tenho segredos. Todos têm. Mas isso não nos impede de tentar nos entender, não é? Olhe para nós agora. Estamos aqui, juntos, e ainda assim tão distantes."

So-yeon hesita, a luta interna visível em seu rosto. Ela não quer se abrir, mas a vulnerabilidade que Ji-hoon demonstra a toca de uma maneira inesperada.

So-yeon (com um tom de voz quase quebrado)
"Eu não consigo. Não consigo confiar. E se você se virar contra mim? E se você descobrir a verdade?"

Ji-hoon (com um olhar sério, mas gentil)
"Então, me diga qual é essa verdade. O que você tem a esconder? Eu prometo que não vou te julgar."
(ele coloca uma mão reconfortante em seu ombro)

So-yeon (desviando o olhar, lutando contra as lágrimas)
"Eu não quero que você veja isso. Não quero que você tenha uma visão distorcida de quem eu sou."

Ji-hoon (com um olhar penetrante)
"Às vezes, a visão que temos de nós mesmos é a mais distorcida de todas. Não precisa se sentir assim. Eu não estou aqui para te julgar, So-yeon. Estou aqui para te ajudar."

Enquanto Ji-hoon fala, So-yeon é novamente transportada para sua infância. A imagem de sua mãe a coloca de volta àquele dia fatídico. Ela se lembra de estar escondida atrás do sofá, os olhos arregalados, observando a cena entre sua mãe e o homem desconhecido, que agora ela reconhece como um traidor.

So-yeon (Menina)
"Mãe, por que você está chorando?"

Mãe de So-yeon (a voz trêmula, enquanto limpa as lágrimas)
"É apenas uma fase, querida. Não se preocupe. Eu sempre estarei aqui."

A lembrança termina em gritos e uma explosão de vidro. So-yeon se lembra de correr com sua mãe para a rua, sentindo seu coração disparar.

So-yeon (as lágrimas descem pelo seu rosto)
"Eu perdi minha mãe em um momento de fraqueza. Ela confiou em alguém que a traiu. E eu não sei se posso deixar isso acontecer de novo."

Ji-hoon (percebendo a profundidade de sua dor)
"Eu sinto muito, So-yeon. Não sabia que sua dor era tão profunda."
(ele limpa suas lágrimas suavemente)
"Eu não sou o homem que a traiu. Eu não sou seu passado."

So-yeon (abrindo-se lentamente)
"Mas você se parece com ele. As pessoas podem se disfarçar e esconder suas verdadeiras intenções. Eu aprendi isso da maneira mais difícil."

Ji-hoon (com sinceridade)
"Eu não sou como eles. Eu sou… eu sou apenas um homem que também carrega cicatrizes. Já perdi pessoas importantes para mim por causa da traição."
(ele hesita antes de continuar)
"Eu perdi meu irmão. Ele foi enganado e morreu por causa disso."

A revelação choca So-yeon, e ela sente uma conexão mais profunda com Ji-hoon. Eles compartilham uma dor similar, e a ideia de um passado comum começa a unir seus corações.

So-yeon (a voz trêmula, mas mais próxima)
"Desculpe por não ter confiado em você. É só… eu tenho medo de perder alguém novamente."

Ji-hoon (segurando a mão dela)
"Você não vai me perder. Eu estou aqui. Prometo que vou ficar. Nós podemos lutar juntos contra nossos demônios."
(ele olha nos olhos dela, a sinceridade em seu olhar a acalma.)

O sol começa a se pôr completamente, e a luz do crepúsculo envolve os dois em um brilho suave. So-yeon sente que, apesar de tudo, há algo em Ji-hoon que a faz querer acreditar novamente. Ela hesita, mas finalmente se aproxima, tocando levemente sua mão.

So-yeon (sussurrando)
"Talvez eu possa tentar. Um dia de cada vez."

Ji-hoon (sorrindo, a esperança brilhando em seus olhos)
"Um dia de cada vez. E, quem sabe, um passo de cada vez."


Fim do Capítulo 3

Neste capítulo, So-yeon e Ji-hoon avançam em sua relação, lidando com os fantasmas de seus passados. As emoções são intensas, e os diálogos refletem a luta interna de ambos, enquanto as memórias de suas infâncias sombrias criam um laço inesperado. O cenário contribui para o clima de introspecção e desconfiança, mas também oferece um espaço para a esperança de que juntos eles possam enfrentar seus traumas.

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