Capítulo 2: A Rosa no Silêncio

Enquanto Saran avançava pela floresta, o ambiente ao seu redor parecia se intensificar. Os sussurros das sombras se tornaram um eco distante, e a escuridão se tornava mais densa a cada passo. Mas, em meio à penumbra, algo chamou sua atenção. Um brilho suave, quase etéreo, surgia à sua frente.

Ao se aproximar, Saran avistou uma rosa solitária brotando em meio à terra árida e cheia de raízes. Suas pétalas eram de um vermelho vibrante, contrastando com o cinza da floresta. Era uma visão tão inesperada que, por um momento, o peso de suas memórias pareceu diminuir. Ela se agachou, admirando a flor que florescia em um local tão inóspito.
Enquanto a observava, Saran não pôde deixar de pensar na beleza que a rosa representava. Ela era um símbolo de resistência e esperança, um lembrete de que, mesmo nas circunstâncias mais sombrias, algo puro e belo poderia surgir. A rosa parecia guardar segredos, uma história de luta e sobrevivência, muito parecida com a dela.
Com as mãos trêmulas, Saran estendeu a mão para tocar a flor. Ao contato, uma onda de emoção a envolveu. As lágrimas começaram a escorregar por seu rosto enquanto memórias de sua mãe surgiam à superfície. Recordou-se de quando era criança e sua mãe a levava para o jardim, onde rosas semelhantes floresciam.
- Essas flores são especiais, Saran. Elas nos lembram que a beleza pode florescer mesmo na dor. - dizia sua mãe, com um sorriso triste nos lábios.
A lembrança da voz suave da mãe trouxe um misto de conforto e tristeza. Saran fechou os olhos, tentando prender aquela sensação. O amor que sentia por sua mãe se misturava à dor da perda, e a rosa se tornou um símbolo de sua complexa relação. Ela percebeu que, apesar das dificuldades, ainda havia espaço para a beleza em sua vida.

Enquanto continuava a contemplar a rosa, Saran tomou uma decisão.
- Eu vou cuidar dessa flor - prometeu.
- Vou preservá-la, assim como quero preservar as memórias boas da minha mãe. - Com um sentimento renovado de propósito, ela cuidadosamente removeu a rosa do solo e a segurou perto do coração.
A floresta parecia mais acolhedora agora, como se as sombras ao seu redor a estivessem observando com um novo entendimento. Saran começou a caminhar, a rosa em suas mãos se tornando uma âncora para seus sentimentos e esperanças. A floresta, que antes era um lugar de medo, agora estava cheia de possibilidades.
Através das árvores, Saran notou um pequeno claro à frente, onde a luz do sol filtrava-se, iluminando o chão coberto de folhas. Com a rosa segura em seu aperto, ela avançou, sentindo que estava se afastando das raízes do medo e se aproximando de um novo começo. E, enquanto caminhava em direção à luz, Saran fez uma promessa silenciosa: ela iria buscar a beleza em cada parte de sua jornada, mesmo quando isso significasse confrontar a dor.

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