So-yeon está em um café abandonado, um lugar que costumava ser movimentado, mas agora apresenta mesas e cadeiras empoeiradas. A chuva ainda cai lá fora, formando poças que refletem as luzes da cidade. O aroma de café amargo ainda persiste no ar, e So-yeon se encontra sentada em um canto, observando a chuva escorregar pela janela enquanto tenta acalmar seu coração agitado. Os pensamentos sobre Ji-hoon e o que aconteceu na noite anterior a consomem.
So-yeon (pensando alto, olhando pela janela)
(voz baixa, quase como um sussurro)
"Quem era aquele homem? Por que ele se importou?"
(sente um aperto no peito, lembrando-se do olhar intenso de Ji-hoon)
Enquanto observa a chuva, flashes de sua infância vêm à tona, traumas que nunca realmente superou. A visão de sua mãe correndo, o som de sirenes, as vozes de homens a ameaçando. Cada lembrança é um golpe em seu coração, e ela tenta se afastar desses pensamentos.
So-yeon (sussurrando para si mesma)
"Eu não posso me permitir ser fraca… nunca mais."
(o olhar fixo na xícara de café vazia à sua frente)
A porta do café se abre, e o tilintar do sino acima dela a faz desviar o olhar. É Ji-hoon, entrando molhado, sua expressão séria, mas há um leve toque de preocupação ao vê-la.
Ji-hoon (com um sorriso contido)
"Você veio para se esconder da chuva ou de algo mais?"
So-yeon (olhando para cima, surpresa ao vê-lo novamente)
"Você…? O que está fazendo aqui?"
Ji-hoon (se aproxima da mesa, tirando o capuz da cabeça)
"Eu estava preocupado. Não consegui tirar você da cabeça depois da noite passada."
(Ele se senta à mesa, mantendo um tom casual, mas seus olhos traem sua real preocupação.)
So-yeon (com uma expressão defensiva, mas seu coração dispara)
"Não precisava se preocupar. Eu sou capaz de me cuidar."
(desvia o olhar, lembrando-se de como ele pareceu entender seu passado)
Ji-hoon (observa seu comportamento, percebendo a defensiva)
"Eu sei. Mas eu também sou capaz de ajudar. Às vezes, é bom ter alguém ao seu lado."
(ele se inclina para frente, a voz mais suave)
"Você não está sozinha, So-yeon."
As palavras dele a atingem, e ela sente uma mistura de medo e alívio.
So-yeon (respirando fundo, tentando controlar as emoções)
"Você não sabe nada sobre mim."
Ji-hoon (com um olhar sério)
"Talvez não. Mas eu sei que as lembranças podem nos assombrar. E sei que não é fácil enfrentá-las."
So-yeon se surpreende com a sinceridade dele, como se ele pudesse ver através das paredes que construiu em torno de si mesma.
So-yeon (com a voz trêmula)
"Eu… eu não sei se estou pronta para isso."
(um silêncio pesado se instala entre eles, e as palavras dela ecoam.)
Ji-hoon (estende a mão, como se quisesse tocá-la, mas recua)
"Eu não vou forçar nada. Mas, se precisar falar, estou aqui. Para você."
(ele olha nos olhos dela, esperando um sinal de que ela confia nele.)
So-yeon sente uma onda de emoções. As memórias de sua mãe a envolvem novamente, a dor que sempre tentou esconder. Ela quer falar, mas a voz lhe falta. O medo do que poderia revelar a impede de abrir o coração.
Enquanto o silêncio persiste, flashes de sua infância invadem sua mente novamente. Ela se vê como uma menina pequena, sentada no chão da sala, observando sua mãe conversar com um homem desconhecido. As palavras são murmuradas, mas a tensão é palpável.
So-yeon (Menina)
"Mãe, quem é ele?"
Mãe de So-yeon (com um olhar preocupado)
"Alguém que não deve estar aqui, querida. Não converse com estranhos."
O homem olha para ela e, em seus olhos, So-yeon vê uma ameaça. A memória termina em gritos, um barulho ensurdecedor, e ela se vê correndo, segurando a mão da mãe.
So-yeon (finalmente quebrando o silêncio, com lágrimas nos olhos)
"Eu não sei se posso confiar em você, Ji-hoon. Não posso me dar ao luxo de confiar em ninguém."
Ji-hoon (com a voz suave e firme)
"Entendo. Eu também não confiei em ninguém por muito tempo. Mas às vezes, a vida nos força a nos abrir. Às vezes, um estranho pode ser a única pessoa que entende."
So-yeon (encarando-o, a vulnerabilidade em seus olhos)
"Por que você se importa tanto? Você mal me conhece."
Ji-hoon (respirando fundo, olhando para ela com sinceridade)
"Porque vi algo em você na noite passada. Vi um reflexo do que sou. Alguém que carrega o peso de um passado doloroso."
(ele se inclina, quase implorando)
"Você não precisa carregar esse peso sozinha."
A tensão entre eles é palpável. So-yeon sente um desejo de abrir seu coração, mas o medo a impede.
So-yeon (a voz quase um sussurro)
"Eu perdi tudo, Ji-hoon. Não tenho certeza se há algo que ainda possa ser salvo."
Ji-hoon (com determinação, como se suas palavras fossem um abrigo)
"Então vamos salvar um ao outro. Não somos tão diferentes. Ambos carregamos cicatrizes."
(um momento de silêncio, onde ambos se reconhecem.)
So-yeon (com um sorriso triste, mas esperançoso)
"Você realmente acredita nisso?"
Ji-hoon (sorrindo, um brilho de esperança em seus olhos)
"Sim, eu acredito. E se você me deixar, eu quero ajudá-la a encontrar uma maneira de enfrentar seus demônios."
A chuva começa a parar, e a luz do sol começa a penetrar pelas nuvens escuras, criando um contraste com a atmosfera pesada do café. So-yeon sente uma mudança dentro de si, um pequeno lampejo de esperança. Enquanto os dois trocam olhares sinceros, a conexão entre eles começa a se solidificar, mesmo diante de seus passados sombrios.
So-yeon (finalizando, com um toque de vulnerabilidade)
"Talvez… eu possa tentar. Mas você precisa entender que não será fácil."
Ji-hoon (sorrindo, a determinação em sua voz)
"Eu não espero que seja fácil. Mas estou aqui, e isso já é um começo."
Fim do Capítulo 2
Esse capítulo aprofunda o relacionamento entre So-yeon e Ji-hoon, com uma troca emocional significativa que revela seus passados e suas inseguranças. A conversa é um misto de tensão e vulnerabilidade, permitindo que ambos compartilhem suas experiências e, ao mesmo tempo, construam uma conexão mais forte. As memórias de So-yeon sobre sua infância são um elemento central, e o diálogo é intercalado com reflexões profundas, criando uma atmosfera rica em emoção e drama.
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